Diario urbano

Jailson da Paz
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Publicação: 02/01/2018 03:00

Recife, meio e fim

O drama de quem procura abrigo em outro país está mais perto do que imaginamos. É o alerta da detenção, divulgada ontem, de duas mulheres e de uma criança que tentavam ir à Espanha usando documentos falsos via Aeroporto Internacional dos Guararapes. Sem a intercepção, o caso passaria em silêncio, como passa a luta de africanos e haitianos no comércio ambulante da Região Metropolitana do Recife. Talvez não caiba legalmente à parte desses o título de "refugiado", concedido no Brasil a quem sofre perseguição étnica, política e religiosa. Parcela deles deixou o país de origem fugindo da miséria e da fome, essas nem sempre causadas pelas perseguições, mas por fenômenos naturais e por guerras. Em qualquer dos casos, seja o dos iraquianos de irem à Europa, seja o dos ambulantes africanos e haitianos, a lição é que o drama dessa gente se parece aos dos nordestinos, forçados a migrar para outras regiões brasileiras em busca de emprego ou para as cidades grandes da própria região. E o Recife foi e é um dos tais destinos, acolhendo quem foge miséria e da fome ou do ódio político, religioso e étnico.

Mero detalhe
Na pressa para chegar ao destino, motociclista e carona deixaram de lado as regras de trânsito em Casa Amarela. O capacete virou mero detalhe para o carona, mesmo diante do perigo de acidente. Os dois circularam tranquilamente por vias movimentadas, como a Avenida Norte, sem ouvir sequer o apito de um guarda de trânsito.

Dias de espera
O ano novo continuava ano velho, até o fim da tarde de ontem, para alguns pacientes do Pronto Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (Procape), em Santo Amaro. Eles permaneciam internados em cadeiras, no corredor da unidade hospitalar, à espera de um leito. Havia casos de quatro dias de espera, segundo familiares.

Feridas abertas
Foram de fartura os últimos dias do ano para os gatos que vivem nos jardins e calçadas do Hospital Getulio Vargas, no bairro do Cordeiro. Os animais de rua comeram do bom e do melhor. Pena que o mesmo espírito de cuidado não se destina a castrar e a tratar das feridas dos bichos. Os ferimentos em alguns estão em várias partes do corpo.

Cota mínima
Sobrou gente e faltou táxi depois dos festejos da chegada de ano novo nas orlas de Boa Viagem, no Recife, e de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes. Profissionais da área dizem que isso ocorre por não haver regras obrigando cotas mínimas de táxis nas ruas em dias de festas. O serviço, afinal, é uma concessão pública dos municípios.

O que ele diria?
Religiosos e leigos da Igreja Católica se perguntam o que dom Helder Camara (1909-1999) diria da lei, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada recentemente pelo presidente Michel Temer, que concede ao ex-arcebispo o título de Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos. Dom Helder, um crítico das políticas econômicas e sociais da ditadura.

Bom teste
A primeira semana deste ano será um bom teste para se analisar a aceitação da taxa de visita à Igreja de São Pedro dos Clérigos, no bairro de São José. Os valores de acesso ao templo, reaberto na semana passada, são de R$ 5 e R$ 2,50. Em prática em outras cidades do país, a iniciativa é inédita nas igrejas administradas pela Arquidiocese de Olinda e Recife.