Gerações unidas pela era digital Programa Summer Job, do CESAR, mobiliza estudantes universitários com o objetivo de integrar idosos à tecnologia e criar multiplicadores

MARCIONILA TEIXEIRA
marcionila.teixeira@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 22/02/2018 03:00

Marcos Nascimento, 65 anos, é professor aposentado. Está enquadrado no perfil do novo idoso, alguém empoderado e usuário da tecnologia. Ele faz compras, pesquisa, paga contas e faz cursos à distância pela internet. Fila de banco, por exemplo, faz parte de seu passado. Termina com mais tempo livre para o lazer. Marcos participou da construção do guia Bulir, idealizado por quatro universitários participantes do Summer Job, um programa do Instituto CESAR, centro de pesquisa e inovação.

Com o guia em mãos, idosos ligados à Fundação de Aposentados e Pensionistas de Pernambuco (Funape) aprenderão a criar soluções para seus desafios diários, seja na inclusão digital ou na geração de serviços que auxiliem no cotidiano. Isso tudo a partir de suas próprias experiências. Como protagonistas no processo de construção, ficam mais engajados e os resultados tendem a ser mais eficazes.

Os idosos beneficiados pelo Bulir fazem parte do projeto Vida Ativa, da Funape, uma das patrocinadoras do Summer Job e contratante do serviço. “Tem quem faça, por exemplo, aplicativos para aumentar o tamanho da tela de celulares para o idoso, mas o novo idoso já consegue usar o aparelho sem esse tipo de artifício. Com a ajuda do guia, eles conseguem identificar problemas do cotidiano e gerar soluções. Na prática, a Funape vai reunir os idosos com perfil antenado, com domínio do assunto, e curioso, que têm interesse em aprender”, explicou Jéssica Lima, 22 anos, do curso de design da Universidade Federal de Pernambuco. Ela desenvolveu o guia junto com Lai Amorim, 21, estudante de administração da Universidade Federal do Maranhão, além de Victor Miranda, 22, de ciências da computação da UFPE, e Carol Carvalho, 23, de sistema de informação da Univesidade Federal da Paraíba.

Presidente da Funape, Tatiana Nóbrega disse que os universitários apresentaram um produto além do que ela imaginava. “Alguém com resistência à inclusão digital, por exemplo, termina perdendo em qualidade de vida, já que muitos serviços poderiam ser facilitados. O idoso será peça-chave porque um ensinará ao outro.”

O Summer Job tem como objetivo oferecer experiência prática aos alunos, identificar talentos e proporcionar um ambiente de experimentação rápida para empresas patrocinadoras. A iniciativa recebe, anualmente, estudantes de todo o Brasil. Em 2018 foram 1.075. “Levamos para eles problemas reais que as empresas vivem, captamos patrocinadores entre pequenas e grandes empresas que querem inovar e que têm alguma ideia, mas, por algum motivo, não conseguem implantar. Jogamos a ideia para os alunos na forma de desafio e eles trabalham nela por seis semanas”, explicou Victor Nogales, gerente de negócios do CESAR.

O encerramento do evento aconteceu na manhã de ontem, quando os grupos explicaram, em cinco minutos, as propostas desenvolvidas. Em um cenário de envelhecimento da população causado pelo aumento da expectativa da vida - segundo o IBGE, em 2060, 19 milhões de pessoas estarão com 65 anos ou mais - o desafio é reduzir as dificuldades vividas por essa população.