Meteor faz pesquisas em alto-mar Embarcação alemã deixará o Recife neste sábado com destino a Las Palmas, nas Ilhas Canárias, para estudar as correntes oceânicas

Rosália Vasconcelos
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Publicação: 16/03/2018 03:00

Ao longo da costa leste do Nordeste brasileiro existe uma das principais vias de circulação marítima do Oceano Atlântico, que faz do Recife um ponto estratégico para realização de pesquisas científicas destinadas a avaliar o comportamento das correntes oceânicas e a medir o grau de variabilidade das temperaturas dos oceanos. Por isso que a capital pernambucana recebe novamente o navio alemão Meteor, que atracou na cidade na última quarta-feira e deixará o Porto do Recife neste sábado em direção a Las Palmas, nas Ilhas Canárias. A bordo dele, 33 pesquisadores de diversos países, sendo dois deles do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), irão analisar o papel dos oceanos nas mudanças climáticas da Terra.

“As condições climáticas estão mudando e o oceano funciona como uma máquina térmica influenciado pela atmosfera, favorecendo eventos extremos como temos visto com cada vez mais frequência. E todas essas mudanças podem ser analisadas na circulação oceânica da borda oeste do Atlântico tropical, que é onde acontece toda a transferência de calor e energia entre os hemisférios Norte e Sul. O Recife está localizado em um ponto especialmente estratégico para fazer essas pesquisas”, afirmou o professor do Departamento de Oceanografia da UFPE Moacyr Araújo, o segundo maior centro de estudos oceânicos do Brasil e o mais importante do Norte/Nordeste. A cooperação bilateral entre a UFPE e a Alemanha começou em 2002.

O Meteor está equipado para fazer todo tipo de pesquisa oceanográfica desde as questões geológicas até as áreas envolvendo biologia marinha e oceanografia química e física. De acordo com o cientista alemão Peter Brandt, que já esteve pelo menos oito vezes no Recife, esse tipo de investigação oceânica a bordo do primeiro Meteor começou em 1915 e essa embarcação já é a terceira construída para essa finalidade. “O primeiro Meteor fez uma das mais importantes expedições científicas no Atlântico Sul entre 1925 e 1927, entre a África e a América do Sul. Naquela época, a expedição já veio para o Recife. Durante esses anos todos, temos feito medições de temperaturas e salinidades, entre outras análises básicas e interdisciplinares do Atlântico tropical, bem como seus impactos bioquímicos e sua influência na variabilidade do clima mundial”, explica Peter Brandt.

Antes de chegar ao Recife, o Meteor havia atracado, em fevereiro, no Porto de Mindelo, em Cabo Verde, África. “Desde a sua construção, esse navio não fica parado. Em cada porto, fazemos troca da tripulação, incluindo os cientistas, para dar continuidade às pesquisas”, continua Brandt.  

A cônsul geral da Alemanha para o Recife, Maria Könning-de Siqueira Regueira, ressalta que a cooperação científica entre Brasil e Alemanha, sobretudo na área de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, tem sido uma relação muito forte. “A vinda do Meteor esta semana coincide com o início das comemorações dos 150 anos do Consulado da Alemanha no Recife. E é importante lembrar que temos parcerias estratégicas no Nordeste brasileiro, uma região com grande potencial de desenvolvimento”.

O navio
  • 400m2 é o tamanho da área de laboratório, que possui condições para todo tipo de investigação oceânica
  • 98m é a extensão do Meteor, considerado uma das maiores embarcações da frota oceânica de pesquisa
  • 11 mil metros é o comprimento dos cabos que auxiliam no trabaho de pesquisa
  • 66 pessoas compõem a tripulação do Meteor
  • 33 dessas são pesquisadores de diversos países
  • 1915 - foi o ano de lançamento do primeiro Meteor, fabricado para esse tipo de pesquisa
  • 1986 - foi a data de construção da atual embarcação
  • 2002 - ano do início da cooperação internacional científica entre o Instituto Geomar e o Departamento de Oceanografia da UFPE