MEIO AMBIENTE » Jardim Botânico celebra importância da caatinga

Publicação: 25/04/2018 03:00

O Jardim Botânico do Recife, na BR-232, bairro do Curado, promove até domingo uma visitação diferenciada sobre a caatinga, em celebração ao Dia Nacional do bioma, que será lembrado no sábado. Os visitantes poderão observar, com a ajuda de monitores, algumas espécies de plantas e debater a importância desse ecossistema. A entrada é gratuita e as visitações acontecem das 9h às 12h e das 13h às 15h.

A caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e ocupa 10% do território nacional. Apesar disso, 45% da cobertura original estão desmatados. O projeto pernambucano Ecolume, financiado pelo governo federal, programou o plantio de três mil mudas de umbuzeiro ao longo dos rios Pajeú e Moxotó até o fim deste ano. O biólogo e analista ambiental Jefferson Maciel atua no Jardim Botânico e é responsável pela iniciativa. “O semiárido é tido como pobre em espécies vegetais, mas isso não é verdade. A caatinga é a maior floresta tropical seca da América do Sul e tem riqueza de espécies tanto da fauna quanto da flora”, destacou Jefersson.

Dentro da programação, além das visitas, haverá uma palestra de Mayra Gomes, às 10h30 do domingo. Ela faz parte da Associação de Plantas do Nordeste (APNE).

Segundo Jefersson, há 4.883 plantas da caatinga catalogadas. Dessas, 973 são exclusivas do bioma e 253 estão ameaçadas de extinção. No Jardim Botânico do Recife há 50 espécies, incluindo mandacaru, xique-xique e juazeiro.

A climatologista Francis Lacerda coordena o projeto Ecolume, que busca fazer o “recaatingamento” de regiões desmatadas. Ela explicou que já tem 600 mudas de umbuzeiro preparadas em viveiros e, em parceria com 100 alunos da Escola de Agroecologia do Semiárido, distribuirá as mudas, que foram cedidas pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). A instituição tem um banco de sementes em Ibimirim.

“O umbuzeiro, por exemplo, somente tem mais 20 anos de vida. Eles vão ficando velhos, com mais de 100 anos, e estão sumindo porque as sementes são  comidas pelos caprinos criados na região”, explica Francis.

“É um ecossistema plural, heterogêneo e diferenciado por ter a irregularidade das chuvas, a queda das folhas na estação seca e a possibilidade de se renovar na curta estação chuvosa”, explica o professor José Alves de Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco. Em 2013, ele venceu o Prêmio Jabuti, na categoria Ciências Naturais, com o livro Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação.