Suspeito aliciou 123 adolescentes Assistente administrativo usava perfis femininos para seduzir garotos, pedir fotos e depois chantageá-los. Investigação partiu de alerta de órgão dos EUA

Publicação: 23/04/2018 03:00

A Polícia Federal prendeu um assistente administrativo de 27 anos, suspeito de usar cinco perfis femininos falsos, no Facebook, para enganar adolescentes, geralmente do sexo masculino, obter fotos das vítimas sem roupas e extorqui-las. Segundo a PF, para não divulgar as fotos, o homem exigia que os garotos praticassem sexo com animais de estimação e crianças menores, irmãs das vítimas, e enviassem as imagens a ele, formando um ciclo de chantagem. O suspeito teria recebido imagens de pelo menos 123 menores do Brasil e do exterior. Ele foi detido em sua casa, na Imbiribeira, Recife.

Ao todo, 10 policiais federais, distribuídos em duas equipes, cumpriram o mandado de prisão na casa do suspeito e dois mandados de busca e apreensão – um na residência e outro num endereço em Boa Viagem, com o objetivo de apreender quaisquer computadores e equipamentos eletrônicos ou mídias digitais que pudessem ter sido usados pelo assistente para armazenar imagens e vídeos de pornografia infantil.

A investigação teve origem a partir de informações do Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas, órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, que foram repassadas para a Polícia Federal brasileira através de relatórios. Os documentos davam conta de ocorrências relacionadas à difusão e armazenamento de material pornográfico infanto-juvenil na internet.

A informação apontava que um suspeito estava utilizando vários perfis falsos no Facebook e, através de conversas via Messenger, aliciava menores para que eles produzissem e enviassem material pornográfico infantil. Para isso, o criminoso fingia ser uma mulher, pedindo fotos e vídeos de suas vítimas, passando a ideia de que, em momento posterior, também os enviaria imagens e faria sexo com eles.

Após conseguir as fotos dos adolescentes, o suspeito começava a chantagear as vítimas, ameaçando postar o material em sites de pornografia ou enviá-lo a pessoas conhecidas de seu vínculo de amizade, caso não fossem obedecidas as suas ordens.

Durante as investigações. ficou claro que seu intento era também obrigar adolescentes a registrar fotos e vídeos deles fazendo sexo com seus cachorros ou molestando seus irmãos menores.  

Em setembro de 2014, o suspeito já havia sido preso pela Polícia Civil praticando o mesmo crime. Na ocasião, ele obrigou um adolescente a pagar R$ 500 para que não fossem divulgados conteúdos pornográficos. Mesmo cumprindo pena em regime semiaberto, ele chegou a praticar os crimes a partir do Presídio Agroindustrial São João, em Itamaracá. O suspeito foi condenado a nove anos e dois meses de reclusão, e cumpriu dois anos e seis meses.

Possível pena
O assistente foi autuado em flagrante por produção, registro, transmissão, divulgação publicação e armazenamento de pornografia com criança ou adolescente. Também é investigado possível estupro virtual de vulnerável. As penas somadas ultrapassam os 20 anos de reclusão.

Celular revela rotina de crimes

 
No momento da prisão, o suspeito teve o celular apreendido e, através de uma perícia, foram constatadas inúmeras fotos e vídeos de pornografia infantil, bem como registros do suspeito orientando os jovens a fazerem poses eróticas, através de um aplicativo de gravação ao vivo. “Constam também registros de jovens em conteúdos pornográficos três horas antes de sua prisão, o que demonstra a prática diária dos crimes”, disse a PF, em comunicado.

Em interrogatório, o assistente admitiu ter criado os perfis para aliciar menores para que eles produzissem o material pornográfico, sob sua supervisão, e lhe enviassem as imagens. Disse também que depois de ver algumas vezes os vídeos e as fotos, sempre apagava o conteúdo, e que chegou a chantagear “poucas vítimas”

Com relação à quantidade de vítimas que chegaram a praticar atos libidinosos com cachorros, gatos ou outros animais, preferiu ficar calado. Ele disse que os menores “apenas esfregavam seus órgãos genitais nas partes íntimas dos animais” e que nenhum deles chegou a molestar irmãos menores.