Funcionário morto dentro de escola Marcelo José de Arruda, 60 anos, foi morto a facadas na secretaria da Escola Estadual Delmiro Gouveia

Publicação: 22/09/2018 03:00

Um crime dentro das dependências de uma escola estadual, na Zona Sul do Recife, por volta das 13h da sexta-feira, chocou funcionários, alunos e vizinhança. Dois homens, com idades entre 20 e 25 anos, entraram na Escola Estadual Delmiro Gouveia, bairro do Pina, e assassinaram o professor e auxiliar administrativo Marcelo José de Arruda, 60 anos, natural de Surubim, agreste pernambucano. De acordo com informações da Polícia Civil e Militar de Pernambuco, os elementos teriam dito ao porteiro que precisavam pegar um documento de transferência escolar. Os dois se dirigiram à sala dos professores e, ao avistar Marcelo, desferiram dois golpes de faca no pescoço da vítima. Os homens fugiram do colégio correndo sem levar nenhum pertence do funcionário ou da escola. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a autoria e a motivação do homicídio.

No momento do crime, a escola Delmiro Gouveia estava funcionando apenas para serviços administrativos. A unidade de ensino atende 149 estudantes dos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano e as aulas acontecem sempre de 7h30 às 12h. “Equipes do Gati e do 19º Batalhão da Polícia Militar chegaram ao local pouco depois e iniciaram as buscas. A Polícia trabalha com todas as linhas de investigação e não cessará até alcançar os autores. O caso está sendo apurado pela Força Tarefa da Capital, pelo delegado Elder Tavares”, informou em nota a Polícia Civil de Pernambuco. Marcelo Arruda morreu na hora e não deu tempo de ser atendido por serviço médico emergencial. Ele trabalhava na Escola Estadual Delmiro Gouveia há cerca de seis meses.

De acordo com o tenente-coronel do 19º BPM, Paulo Matos, os homens informaram ao porteiro que pegariam na secretaria um documento de transferência. O porteiro conduziu os elementos até o atendimento público e, quando estava voltando ao posto de serviço, a auxiliar de limpeza aparece correndo e avisando que os homens tinham matado Marcelo. “No momento do crime, uma funcionária estava na mesma sala da vítima. Inclusive, ela foi conduzida à delegacia para prestar depoimento. Em informações preliminares, ela disse que não deu para ver o rosto dos assassinos porque foi colocada deitada no chão. Alguns funcionários e professores disseram que Marcelo já tinha comentado que possuía algumas dívidas, inclusive com agiotas”, contou o tenente- coronel.

Ainda de acordo com o oficial da PM, servidores da escola disseram que Marcelo se relacionava com um jovem rapaz. “Não tivemos informações se ele estaria sendo ameaçado por agiotas ou se pode ter uma motivação passional. Também não se sabe porque ele foi transferido de Surubim para Recife. Os funcionários disseram que Marcelo afirmava que só vivia em Surubim porque cuidava de sua mãe e que após ela falecer ano passado, resolveu morar de vez no Recife. Houve relatos também de que ele teria herança. Várias linhas de investigação podem surgir a partir dessas informações e agora é a Polícia Civil que vai conduzir este trabalho”, destacou Paulo Matos.

O delegado do DHPP Elder Tavares disse que vai ouvir os funcionários da escola e solicitar as câmeras de vídeo de prédios e estabelecimentos comerciais do entorno do colégio. “Tudo leva a crer que os dois homens entraram para assassinar Marcelo. E por isso nenhuma linha de investigação pode ser excluída nesse momento. Vamos pegar as características dos suspeitos para traçar o perfil deles e fazer um retrato falado”, disse o delegado. Ainda segundo a polícia, a escola possui câmeras mas elas não estão funcionando. Em nota, a Secretaria de Educação do Estado se limitou a dizer que “a pasta lamenta o ocorrido na escola e vai acompanhar o andamento das investigações”.

Natural de Surubim, Marcelo José de Arruda trabalhava originalmente como professor na Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola municipal Profº Dr Amaro Fernandes de Oliveira Sobrinho, em Surubim, e em uma escola estadual no distrito de Umari, município de Bom Jardim, ambas no Agreste. Ele também tinha sido professor estadual na Escola Maria Cecília Barbosa Leal, em Surubim. Antes de ser transferido para o Recife, tinha sido readaptado para funções administrativas na escola de Umari, mas a polícia não soube informar o motivo da transferência nem da mudança de função.

Pelo Facebook, uma ex-aluna, que preferiu não se identificar, disse que Marcelo era uma pessoa benquista e que não tinha desavenças com ninguém. “Ele era solteiro e nos dizia, em sala de aula, que amava viver no Recife. Acredito que como ele estava prestes a se aposentar e já tinha residência no Recife, preferiu pedir a transferência”, contou a ex-aluna.