Um dia para ser lembrado pelas gerações futuras

Publicação: 19/10/2019 03:00

O dia em Tamandaré, um dos cenários paradisíacos do litoral pernambucano, amanheceu triste na sexta, com o impacto da mancha de óleo que atingiu a costa. Mas a ajuda dos moradores foi fundamental para mudar o quadro.  Logo nas primeiras horas, centenas de pessoas foram até às praias afetadas, com boias, cabos, embarcações, sacos plásticos, tratores e caminhões. Donos de restaurantes fecharam as portas dos estabelecimentos para reforçar o trabalho de remoção com seus funcionários. Um dos empresários, por exemplo, forneceu gratuitamente cerca de 1,5 mil refeições para os envolvidos na limpeza.

As manchas de óleo foram um choque para o professor Marcos Toledo, 32 anos. “Eu nasci aqui em Tamandaré e nunca vi algo assim. Foi um susto acordar e ver tudo sujo”, afirmou. “E todo mundo se mobilizou. Afinal, a praia é coisa nossa. O turismo da cidade está comprometido por causa desse óleo”, acrescentou.

Marcos trabalha no EREM de Tamandaré. Alunos e funcionários da escola se juntaram no trabalho de remoção do óleo. “A gente fica pensando muito como que vai ficar a situação das pessoas que vivem da praia, como pescadores”, pontuou Josilene Conceição, 54, professora do mesmo colégio. “Amanhã, vamos mobilizar logo cedo uma nova turma de alunos para ajudarem. Precisamos fazer esse esforço coletivo”.

Participante do mutirão de limpeza desde o começo da sexta, o eletricista naval Jailson José, 43, alertou para a questão da foz do Rio Mamucabas. “Recolhemos um bocado de óleo nas praias de Carneiros e da Boca da Barra. Mas no mangue do rio continua muita coisa. Se não colocarem uma boia, uma corda, esse óleo vai invadir e causar mais danos”, apontou. “Desde setembro que se sabe que esse óleo está sujando o Nordeste. Não sei de quem é a culpa, mas a natureza está aí, poluída, e nós que perdemos”.