Reabertura requer total comprometimento de todos

Publicação: 04/07/2020 03:00

Após uma quarentena mais rígida na Região Metropolitana do Recife, que aconteceu entre os dias 16 e 31 de maio, e segue em curso no Agreste do estado, até este domingo (5); o médico infectologista Filipe Prohaska acredita que a reabertura só dará certo se contar com o compromisso de todos os envolvidos.

“Precisamos de protocolos rigorosos para o público e para quem presta o serviço. O segredo (para o sucesso da reabertura) é a necessidade de um tripé: os prestadores de serviço, a população e o estado. Cabe a quem presta os serviços obedecer os protocolos. À população, a consciência e a continuidade de medidas como uso de máscara e higiene das mãos. Ao estado, cabe não só o planejamento e orientação, mas também a fiscalização”, pontua.

Essas medidas são fundamentais para uma convivência com o novo coronavírus até que uma vacina chegue às populações. Na visão de Prohaska, isso só deve acontecer no Brasil entre fevereiro e março de 2021. “Vacinas já estão sendo testadas, mas entre os testes e a produção em massa, há um longo caminho. Acredito que entre novembro e dezembro deste ano já exista, mas o hemisfério Norte, por causa do inverno, deve ser priorizado. Entre fevereiro e março, acredito que teremos no Brasil”, diz.

O grande dilema em relação ao futuro seria, de acordo com o infectologista, a existência de novas ondas da doença. “A grande questão são as próximas ondas, como uma segunda, terceira, quarta, além do risco de interiorização da doença, como estamos vendo. Esses são os grandes desafios para os próximos meses”, destaca. O cenário ideal, segundo ele, seria a realização de testagem em massa de pacientes sintomáticos para promover o isolamento deles. “Essa seria a forma mais efetiva de enfrentar esse ‘novo normal’, sem falar de profilaxia, como uso de máscaras e higiene das mãos”, defende.

Sem a testagem em massa, diz Prohaska, não é possível entender com clareza os dados. “Um grande problema do Brasil é que não temos a real dimensão dos casos. Sabemos sobre as mortes, mas não temos o número de casos. Se soubéssemos, teríamos uma ideia melhor sobre esse número de cinco mil mortes de Pernambuco. São muitas mortes, mas não sabemos se está dentro do ‘aceitável’ ou acima do esperado. Só fizemos muitos testes em pacientes graves e nos profissionais da linha de frente”, pontua.