UFPE diz que só tem fôlego até setembro Reitores de instituições de ensino superior se reuniram, na sexta-feira (3), no Recife, para falar sobre cortes e recomposição de orçamento

Nicolle Gomes

Publicação: 04/05/2024 03:00

Com pires nas mãos, representantes de universidades federais em Pernambuco se reuniram, sexta-feira (3), para expor a crise no orçamento. Em entrevista coletiva na Faculdade de Direito, no Centro do Recife, o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, afirmou que a instituição só tem recursos para funcionar de forma plena até setembro deste ano, caso não haja recomposição financeira.

Os gestores pontuaram que o valor aprovado no início do ano pela Lei Orçamentária Anual (LOA) não é suficiente para contemplar as necessidades das universidades. Estiveram presentes Alfredo Gomes, reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Marcelo Carneiro Leão, reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Telio Nobre, reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), e Airon Melo, reitor da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE).

O ponto de partida da reunião foi a apresentação dos dados de repasses de orçamento discricionário para as universidades federais no Estado. Todas, segundo eles, passam por uma situação financeira crítica. De acordo com o que foi apresentado, de 2014 para 2024, houve uma queda nos repasses de quase R$ 128 milhões para as instituições. Ao todo, em todas as 69 federais espalhadas pelo Brasil, a redução é de mais de R$ 2 bilhões.

Em valores corrigidos pela inflação, os números chegam em mais de R$ 437 milhões para universidades federais de Pernambuco, e mais de R$ 8 bilhões para as  federais do Brasil.

Os reitores dizem que com a manutenção dos cortes e a dificuldade para se promover uma recomposição orçamentária, não há condições de manter pleno o funcionamento das universidades, que já estão precisando cometer sacrifícios financeiros há certo tempo. Alfredo Gomes reiterou que já houve diminuição de 25% dos contratos da UFPE no ano passado, como medida de “redução de danos”.

Sem a devida recomposição, de acordo com Alfredo Gomes a universidade só conseguirá funcionar de forma rentável até setembro. O Reitor da Univasf, Telio Nobre, afirmou que, a partir de agosto, a dificuldade financeira aumentará sem as recomposições.

A ameaça não assombra apenas as atividades acadêmicas das universidades, mas também os alunos que precisam se manter dentro da instituição. Telio Nobre, reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, relatou não ter caixa para auxiliar os estudantes que são beneficiados com bolsas estudantis. “Não tem nenhum real na Univasf para o orçamento de assistência estudantil”, comentou o reitor.

Ainda conforme dito pelo reitor, o pagamento previsto para o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), está vindo de outras áreas, e a instituição ainda aguarda o recebimento do valor.  

REIVINDICAÇÃO
Para cada universidade federal no estado, houve uma reivindicação de recursos: R$ 60 milhões para a UFPE, R$ 20 milhões para a UFRPE, R$ 13 milhões para a UNIVASF e R$ 3,5 milhões para a UFAPE.