Dobradinha manguefônica Nação Zumbi e Mundo Livre S/A gravam repertório uma da outra para a gravadora DeckDisc

Camila Estephania

Publicação: 26/10/2012 03:00

Mundo Livre grava sua
parte do projeto no
Recife e a Nação Zumbi
(abaixo) está em
estúdio paulistano (DUDA LOPES/DIVULGAÇÃO)
Mundo Livre grava sua parte do projeto no Recife e a Nação Zumbi (abaixo) está em estúdio paulistano
Duas bandas irmãs, que surgiram no cenário nacional no início da década de 1990, agora travam um duelo. Para alívio dos fãs das pernambucanas Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, o único vencedor desse embate deve ser o público, que ganhará novas leituras para as canções dos grupos. O desafio acontece devido ao projeto do produtor Rafael Ramos, da gravadora DeckDisc, que propõe a cada banda que grave sete músicas da sua “oponente”.

A dobradinha formada por Nação Zumbi e Mundo Livre S/A já é a segunda edição do projeto, que estreou com o lançamento do álbum Ultraje A Rigor vs. Raimundos, em julho deste ano. A experiência com os dois grupos do Sudeste teve boa resposta, chegando a ser o disco mais vendido pelo iTunes nacional, e inspirou o produtor a dar continuidade à iniciativa, desta vez, pelo Nordeste. “É um mote bacana, principalmente pelo momento, já que a Nação Zumbi havia anunciado que ia dar um tempo neste ano para se dedicar a outros projetos. A gente ficou feliz e até surpreso de eles se reunirem para gravar o Mundo Livre”, conta o vocalista da Mundo Livre S/A, Fred ZeroQuatro.
 (ANDRÉ FOFANO/DIVULGAÇÃO)

Se na primeira edição do projeto o que ligava as duas bandas envolvidas eram as letras escrachadas, desta vez os grupos escolhidos se amarram pelo próprio contexto do Mangue Beat. Consideradas fundadoras do movimento, que teve início em 1992, as duas bandas, no entanto, são bastante distintas em sonoridade. Se a Nação Zumbi preza mais por pegadas mais originais, a Mundo Livre investe em harmonias mais trabalhadas. “Acho que não há um grau de dificuldade maior pra ninguém, depende da afinidade com o repertório”, opina ZeroQuatro, que conta já ter havido uma canção da Nação que o grupo se recusou a gravar, pois já havia sido muito modificada durante os ensaios que tiveram início na semana passada.

O repertório do disco, que deve ser lançado ainda no final deste ano, permanece em segredo. “A gente não sabe o que eles estão gravando, nem eles sabem da gente. Acho que esse mistério faz parte do tesão da história. Eu fico na maior ansiedade para ouvir o que eles estão fazendo, e acho que eles também sentem o mesmo”, explica ZeroQuatro. Como as duas bandas gravam em estados separados, com a Mundo Livre S/A no estúdio Mr. Mouse, em Olinda, e a Nação Zumbi em São Paulo, tem sido fácil manter esse sigilo. O vocalista ainda conta que por conta do orçamento não ser tão alto, a produção soma iniciativa independente, mas que também permite mais liberdade ao trabalho. “Na semana passada tomamos uma decisão de mexer em uma música que deve deixar até Chico (Science) ‘incrível’”, brinca.

Jorge Du Peixe, por sua vez, explicou que os ensaios da Nação Zumbi devem ficar mais intensos durante esta semana e que ainda não poderia adiantar muitas informações sobre o material trabalhado. Como o projeto está em sua fase inicial, Fred revela que ainda não foi conversada a possibilidade de uma turnê para o disco. E conta que guarda ótimas lembranças da união das duas bandas juntas, no palco, com a Orquestra Manguefônica - “Vontade para turnê não falta”, garante.