A vida por dentro e por fora Última obra de Alain Resnais, falecido em março passado, Amar, beber e cantar encabeça as estreias da semana

Júlio Cavani
Juliocavani.pe@dabr.com.br

Publicação: 24/07/2014 03:00

Cenários artificiais chamama atenção, alémdos atores experientes, para esta leve comédia
Cenários artificiais chamama atenção, alémdos atores experientes, para esta leve comédia

Está em cartaz no Cine Rosa e Silva aos sábados um belo filme que se tornou especial por um motivo triste. Amar, beber e cantar é a última obra de Alain Resnais, um dos mais criativos cineastas franceses, que morreu em março aos 91 anos. Consagrado por clássicos como Hiroshima meu amor (1959) e Ano passado em Marienbad (1961), ele manteve até o fim o desafio de encontrar novas formas de fazer cinema.

Amar, beber e cantar mistura desenhos, teatro e cinema. O filme tem oito personagens e sete atores. A história gira em torno de um homem chamado George, que está sempre presente direta ou indiretamente em todas as cenas, mas nunca aparece em quadro, como se estivesse sempre fora da tela.

Outra subversão está nos cenários. Entre uma cena e outra, vê-se filmagens ou desenhos da vila inglesa onde a trama acontece. Quando os atores entram em cena, contudo, as casas viram cenários artificiais, com paredes feitas de lona, como uma cenografia de peça de teatro.

O filme é uma leve comédia sobre o amor e a amizade. Ao receber a notícia de que George está com uma doença grave e tem poucos meses de vida, seus amigos resolvem convidá-lo para participar de uma pequena peça de teatro. Aos poucos, esse homem invisível provoca uma confusão na vida de todos. Resnais consegue narrar as peripécias de um personagem que só existe nas falas dos atores e na imaginação do público. Assim, mostra que a vida (e o cinema) é construída por aquilo que está dentro e fora de cada um.

Esteias do cinema

O melhor lance

O novo filme de Giuseppe Tornatore (Cinema paradiso) retrata os bastidores do mundo dos leilões de arte. Geoffrey Rush (O discurso do rei, 2011) é um leiloeiro e golpista obcecado por uma misteriosa jovem (vivida por Sylvia Hoeks). A trilha sonora é de Ennio Morricone.

Sem evidências
Ganhadores do Oscar, Reese Whiterspoon e Colin Firth estão no elenco deste suspense dramático sobre as investigações da morte de três crianças em 1993, supostamente vítimas de um ritual satânico. A direção é do canadense Atom Egoyan (O doce amanhã).

Planeta dos macacos: O confronto
Exibido em sessões de pré-estreia diariamente desde a semana passada, a superprodução agora entra em cartaz definitivamente e ganha mais salas e sessões para a batalha entre os seres humanos e o exército de gorilas, chimpanzés e orangotangos falantes.