Júlio Cavani
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Publicação: 17/09/2014 03:00
Eric Bana estrela Livrai-nos do mal, filme que aposta em possessões demoníacas |
Mais sustos no cinema. Estreia amanhã Livrainos do mal, filme de terror que combina diversos elementos hoje recorrentes no gênero, mas se diferencia por não economizar nos recursos dramáticos associados a efeitos especiais. Tratase, afinal, de um projeto assinado por Jerry Buckheimer, responsável por algumas das maiores superproduções cinematográficas das últimas décadas (de Armaggedon a Piratas do Caribe). É basicamente uma história de investigação policial que envolve a presença do demônio por trás dos crimes. A direção é de Scott Derrickson (O exorcismo de Emily Rose, A entidade e Hellraiser: Inferno)
Ultimamente, o cinema de horror resgatou antigos truques aterrorizantes baseados em elementos simples de som, imagem e maquiagem, que trabalham o medo presente no subconsciente, na imaginação e nas expectativas do público. Muitas vezes, a plateia se assusta com o que não vê. Nesses casos, o ritmo e o domínio sobre o que mostrar tornamse fundamentos mais importantes do que uma elaboração visual mais rebuscada. Cineastas como Eli Roth (O albergue), James Wan (Jogos mortais), Takashi Shimizu (O grito) e Hideo Nakata (O chamado) estão entre os que melhor souberam utilizar esses artifícios.
Livrainos do mal não segue essas tendências, apesar de reaproveitar alguns ingredientes. Personagens que lembram zumbis, exorcismo, demônios fantasmagóricos, crianças em perigo e imagens de câmeras de vídeo estão presentes, só que tudo ao mesmo tempo e misturado. O personagem principal, que é um policial excatólico atormentado pela presença do mal, é interpretado por Eric Bana (Hulk, Munique). A escolha de um astro de Hollywood como protagonista também é uma opção diferenciada, já que os filmes do estilo têm apostado em rostos menos conhecidos. O final é apoteótico e exagerado, sem preocupações minimalistas.
Cardápio de subgêneros
Dentro do terror, há subgêneros definidos por diversos tipos de recortes temáticos, que muitas vezes aparecem combinados entre si. O cinema de horror está em alta e já consolidou um calendário constante que tem sido mantido nos últimos anos. Há novos lançamentos praticamente todos os meses. É possível criar agrupamentos, mas sempre surgem filmes que podem ser encaixados em mais de uma categoria ao mesmo tempo. Há ainda situações transversais, como a casa assombrada ou a ficção científica de terror, que podem estar situadas em diversos desses subgêneros de acordo com o ambiente onde se passam as histórias.
PARA EMBRULHAR O ESTÔMAGO
No lugar de provocar medo e ou dar sustos, alguns filmes se concentram no desconforto. A sensação de agonia é atingida com cenas que beiram a escatologia, com apresentação explícita de sangue, órgãos humanos e todo tipo de meleca. Alguns chocam mais por serem nojentos e outros por transmitirem dor com imagens de tortura. O público vivencia uma espécie de ritual sadomasoquista. Por causa do apelo visual, o termo porn (pornô) costuma ser usado como rótulo para essa subdivisão, assim como gore. Entre os exemplos recentes estão a série Jogos mortais, a refilmagem de A morte do demônio e a obra do cineasta Eli Roth, famoso por O albergue, que se prepara para lançar Canibais (foto) ainda este ano.
MENTES PERIGOSAS
A ameaça pode estar entre os próprios seres humanos. O medo faz parte do cotidiano da sociedade, com psicopatas. Uma noite de crime, Você é o próximo e O maníaco estão entre os últimos lançamentos. Amanhã, entra em cartaz o nacional Isolados (foto), com Bruno Gagliasso, que também se enquadra nessa proposta.
CRIATURAS ABOMINÁVEIS
Zumbis, alienígenas, vampiros, lobisomens, animais ferozes e outros tipos de monstros atormentam o imaginário das pessoas e são perfeitos para povoar filmes de terror. Entre os sucessos recentes estão Guerra mundial Z, Cloverfield, O hospedeiro, Sobrenatural e os longas do brasileiro Rodrigo Aragão, como Mar negro (foto).
POSSESSÂO DEMONÍACA
O exorcista (1973) e A profecia (1976) são os maiores clássicos quando o assunto é o demônio. Variações dessas situações se renovam em filmes, como A invocação do mal (foto), O último exorcismo e O exorcismo de Emily Rose. A essência é mexer com antigas maldições relacionadas a ícones da Igreja Católica.