A revolução é viral Serviço de vídeos mais popular do mundo, o YouTube completa uma década revelando artistas e webcelebridades

Publicação: 26/01/2015 03:00

Do dia para a noite, o sul-coreano Psy virou febre: uma em cada três pessoas no planeta já assistiu a Gagnam style (YOUTUBE.COM/REPRODUÇÃO DA INTERNET)
Do dia para a noite, o sul-coreano Psy virou febre: uma em cada três pessoas no planeta já assistiu a Gagnam style

Há 10 anos, surgia mais um site, fruto da ideia de três jovens norte-americanos. Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim acabavam de sair de seus empregos em uma grande empresa de pagamentos on-line, o PayPal. A princípio, o objetivo do YouTube era de funcionar como uma página na qual pessoas pudessem fazer o upload de filmes pessoais. Os rumos, no entanto, tomaram outras dimensões e, hoje, o site é a maior rede de compartilhamento de vídeos do mundo. Adquirido pelo Google em 2006, um ano após o lançamento, o valor do site saiu de US$ 1,65 bilhão para US$ 40 bilhões nesses 10 anos.

Ao romper as barreiras de divulgação, o YouTube permitiu que pessoas comuns se tornassem produtoras de conteúdo. Assim, surgiu uma nova classe de fama: as webcelebridades. O site contribuiu para reviver a indústria de vídeoclipes, que passou por momentos duros de crise. Com a simples ideia de fornecer um espaço para o compartilhamento mundial de conteúdo sob o formato de vídeos, a plataforma fomentou o surgimento de programas específicos da web.

Não era mais necessário ter a música no rádio ou comparecer a um programa de TV para alcançar o público desejado e fazer sucesso. Mais uma barreira fora rompida. Clipes com mais de 1 bilhão de acessos, artistas que viraram sensações mundiais, programas de humor com milhões de inscritos.
Para Diego Arelano, sócio da Table, agência especializada em comunicação digital, o YouTube inverteu a lógica imposta pela TV. “As plataformas de relacionamento permitiram ao público compartilhar conteúdos independentes. A partir daí, o inverso aconteceu. Veículos começaram a pautar seus programas de acordo com o sucesso de alguns conteúdos compartilhados na internet”.

E qual seria a relevância disso? Quem iria clicar despretensiosamente para assistir a uma produção com a qual não tenha relação ou interesse? “O vídeo na internet é a TV na qual se pode assistir ao que quiser, quando quiser. O YouTube, no começo, era mais uma empresa de tecnologia que dava condições para publicar algo com qualidade. Hoje, é mais uma companhia de conteúdo que promove o que ela mesma oferta, convidando as pessoas a usá-la de uma forma parecida com televisão, como no caso dos canais”, explica Edney Souza, especialista em internet.

A disponibilização gratuita de conteúdo no mundo virtual levantou duras discussões sobre direitos autorais. Uma vez na internet, dados são transmitidos e copiados inúmeras vezes, tornando-se, de certa maneira, públicos. Para Milena Grado, advogada especialista em direito autoral, “além de um prejuízo financeiro, muitas pessoas se apropriam das obras, as modificam indevidamente e as descaracterizam, fazendo com que o conteúdo perca a originalidade. Há casos de pessoas que sequer colocam créditos, fazendo com que o artista deixe de ser reconhecido. Isso é um grave problema.”

Virais famosos

São inúmeros vídeos que ultrapassaram (e muito) a casa do primeiro milhão de acessos. Selecionamos abaixo alguns dos mais famosos, nacionais e internacionais:

“Sem Palavras!” – “As árvores somos nozes!”
Tapa na pantera (foto)
Para a nossa alegria
Charlie bit my finger
David after dentist
The sneezing baby panda
Charlie bit my finger – again!
Ruth Lemos – Sanduichi-ichi

Artista

MC Guimê
Ele é provavelmente o nome mais conhecido do fenômeno funk ostentação. É difícil encontrar um vídeo do paulista que não possua pelo menos alguns (muitos) milhões visitantes.

Justin Bieber
Há quatro anos, surgia o nome de um menino de franja jogada para o lado, com uma música chiclete que falava Baby, Baby, Baby (uh!). Era Justin Bieber, que este ano completará 21 anos. O clipe da música acima possui mais de 1,1 bilhão de acessos.

Psy
O coreano é ninguém mais ninguém menos que o artista mais visualizado da história do YouTube. O clipe de Gagnam style já ultrapassa a casa de 2,2 bilhões de acessos, o que obrigou o Google a alterar o código de contagem de visualização de vídeos da plataforma. É como se uma em cada três pessoas do mundo já assistisse ao clipe.

Miley Cyrus
Antes conhecida pelo programa da Disney Hanna Montana, Miley Cirus definitivamente é uma cantora que soube utilizar a plataforma de vídeos. Polêmicas à parte, o clipe de Wrecking ball exala sensualidade e possui 740 milhões de visualizações. 

Números

6 bilhões Total de horas de vídeos assistidas por mês no YouTube — quase uma hora para cada pessoa do planeta

1 bilhão Número de usuários únicos do YouTube mensalmente

100 horas de vídeo que são enviadas ao YouTube a cada minuto

80% Do tráfego do YouTube vêm de fora dos EUA

16 anos de vídeos poderiam ser assistidos com o material postado em um dia

Canais de humor

Felipe Neto
O jovem se tornou mais conhecido após um vídeo que criticava o filme de vampiros Crepúsculo. Sob um formato simples, no qual se senta em frente à câmera e emite as próprias opiniões, Felipe esteve por bastante tempo com um dos vlogs mais relevantes do YouTube.

PC Siqueira
O rapaz já causou polêmica na internet. O canal Mas poxa vida, criado em 2010, foi alvo de críticas quando o jovem criticou símbolos religiosos. Isso trouxe fama ao rapaz,
que virou VJ da MTV. O canal tem mais de 1,6 milhão de inscritos e quase 180 milhões de visualizações.

Porta dos fundos
O canal nacional de humor possui mais de 9,5 milhões de inscritos, quase 1,5 bilhão de acessos e é o programa de maior relevância e alcance do Brasil, revelando talentos como Fábio Porchat. O sucesso foi tamanho que o Porta tem a reprodução de alguns episódios em um programa na Fox. 

Youtube

A ideia
No anos 2000, um site começou a fazer sucesso entre os jovens norte-americanos. Era o Hot or Not, no qual as pessoas enviavam fotos para a página e recebiam avaliações. Foi com base nessa ideia, mas utilizando vídeos, que surgiu o YouTube — e também o Facebook, segundo reportagem da revista Time. No entanto, o projeto dessa forma não foi para frente e virou a maior plataforma de vídeos da internet.

Primeiro vídeo
Em 23 de abril de 2005, alguns meses após a inauguração do domínio do site, foi postado o primeiro vídeo da história do YouTube. Feito por Jawed Karim, um dos fundadores, em frente a uma jaula de elefantes, não há nada de memorável. Para conferir, basta digitar “Me at the zoo” (Eu no zoológico) e assistir aos 18 segundos. O primeiro comentário, com a simples palavra “interesting” (interessante), tem mais avaliações positivas do que o próprio vídeo.


Visualização congelada
Você provavelmente já reparou que alguns vídeos, principalmente aqueles que acabam de ser postados e possuem apelo popular, costumam ter o número de visualizações congeladas na quantia +301. Isso não é um erro. Na verdade, é uma tática adotada pelo site para garantir que aquele vídeo, a princípio popular, não esteja recebendo acessos falsos por robôs. Visualizações de apenas alguns segundos, não entram para a contagem de acessos.

Império ameaçado
O Facebook declarou guerra aos vídeos do YouTube. Primeiro, começou com a possibilidade de inserir vídeos diretamente na plataforma. Em seguida, decidiu que não tocaria mais automaticamente as produções rivais — em pouco tempo, voltou atrás. Com isso, a página de Zuckeberg tem tirado os acesso de lá. Em agosto do ano passado, o Facebook já exibia mais vídeos que o YouTube, segundo a comScore.