Já ouviu? Levantamento revela os gêneros musicais que mais ganharam espaço em 2016, como baile funk e gospel brasileiro, baseado no crescimento percentual das faixas

Larissa Lins
larissa.lins@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 26/12/2016 03:00

Giant%u2019s Chair encerrou as atividades em 1997 e é uma das bandas mais associadas às playlists de indie emo nos serviços de streaming (PAUL DRAKE/DIVULGAÇÃO)
Giant%u2019s Chair encerrou as atividades em 1997 e é uma das bandas mais associadas às playlists de indie emo nos serviços de streaming

Witch house tem relação com o ocultismo? Indie emo é um emocore alternativo? Baile funk e gospel brasileiro fazem sucesso fora do Brasil? Levantamento do Spotify revela os gêneros musicais emergentes em 2016 e ajuda a responder às perguntas com ranking do que ganhou força neste ano, baseado no crescimento percentual de audições das faixas. O Viver destrinchou as principais características e expoentes de cada segmento promissor para as próximas temporadas. Confira:

Indie emo
Fruto da junção do emocore (gênero musical melódico, com letras confessionais e carga dramática) com a música indie (gênero underground oriundo do rock independente dos anos 1980, cuja popularidade disparou a partir dos anos 2000), o indie emo reúne artistas que pregam a independência das grandes gravadoras e dão voz a letras sentimentais e autobiográficas. Há quem classifique o indie emo como a música emocore dos anos 1990, já que grande parte de seus ícones subiu aos palcos naquela década ou “estourou” no período. Giant’s Chair, 1.6 Band e Edaline são alguns expoentes. Nomes mais conhecidos, como Pixies e Catsifh and the Bottlemen, também aparecem nas listas de indie emo nos principais serviços de streaming.

Witch house
Inspirado na estética visual de obras de arte e filmes de terror, o witch house é um som “obscuro”, com ruídos e uso de sintetizadores, baterias eletrônicas e batidas repetitivas - em algumas, ouve-se o eco de coros, vozes etéreas. Começou a ganhar força entre 2009 e 2010, a partir da mistura de música eletrônica com elementos do hip hop, house e góticos. O nome seria ideia do músico Travis Egedy (Pictureplane), um dos pioneiros. O termo “witch”, uma referência à bruxaria e ao obscurantismo, ajudou a alavancar o som. Party Trash, White Ring, Purity Ring e Arca são expoentes do segmento. Os grupos usar símbolos “ocultos” e tipografia nos títulos, dificultando o acesso por sites de busca, a fim de manter a cena pouco explorada.

Ambient fusion

Popular em recepções e eventos formais, o ambient fusion é uma versão “ambiente” (para ser ouvida em volume mais moderado, ao fundo) do fusion. Este último mistura o jazz a outros ritmos, sobretudo rock’n’roll, funk e blues. Embora a gênese do fusion (ou jazz fusion) aponte para os anos 1970, foi no início do século 21 que músicos do jazz tradicional regravaram versões e o gênero ganhou popularidade. Bebop e música clássica também têm elementos incorporados ao ritmo, marcado por guitarra elétrica, piano e instrumentos de sopro. Nos serviços de streaming, dividem-se em listas como Best of Jazz Fusion, Jazz Fusion Highlights, Jazz Fusion Essentials. O guitarrista Mike Stern, o trompetista Eddie Henderson, o baterista Dave Weckl e a banda norteamericana de jazz fusion Yellowjackets são alguns exemplos.

Baile funk

Popular no Brasil, o gênero baile funk difere do funk dos Estados Unidos. Por aqui, ganha influência do freestyle e do Miami bass, ares de contracultura e popularidade nas periferias. Os bailes ganham espaço nos anos 1990, com letras que refletiam o dia a dia nas comunidades e denunciavam desigualdades. Com o amadurecimento do gênero, surgiram desdobramentos, como o funk ostentação e o bregafunk, bem pernambucano. Ludmilla (foto), MC Sapão, Valesca Popozuda, Anitta e MC Koringa são alguns artistas.

Brazilian gospel
É a música gospel, com temática religiosa, produzida no Brasil. Encabeçada por nomes como Heloisa Rosa, Diante do Trono, André Valadão, Ana Paula Valadão, Rosa de Saron, Aline Barros e Trazendo a Arca, tornou-se mais popular no Spotify em 2016. A relação entre o gospel e gêneros como o rock e o country teve início nos anos 1950, mas foi fortalecida no fim do século 20, rendendo ao segmento performances mais ousadas, além de figurinos e coreografias menos tradicionais.  

Para relaxar

Outro gênero emergente em 2016, segundo o Spotify, é o world meditation. Voltada a técnicas de relaxamento e meditação, a seleção contempla faixas com sonoridade amena, geralmente instrumentais. Podem ter cantos de pássaros, sinos, ritmos indianos e sons da natureza.  

Que nome é esse?

Dangdut:
Popular na Indonésia, com sonoridade semelhante à do tecnobrega do Brasil. Mistura elementos da música árabe e da cultura malaia. Tem pegada dançante, sensual, com arranjos eletrônicos e vocais mais agudos.

Hoerspiel: Peças radiofônicas, como sugere a tradução de expressão alemã. Nas faixas, ouve-se não apenas diálogos, mas ruídos como portas sendo abertas.

Speed garage:
Música de garagem, com batidas eletrônicas e breakbeats. Algumas faixas têm sons de disparos de armas, sirenes e ruídos urbanos. Popular no Reino Unido, é acelerado, dançante.