De repórter a acadêmico
Forjado na cobertura jornalística diária de temas relacionados às cidades, o escritor Cícero Belmar é eleito para a Academia Pernambucana de Letras
Alef Pontes
Especial para o Diario
edviver@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 28/03/2017 03:00
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Aos 54 anos, ele ocupará a cadeira de número 33 da instituição, pertencente à escritora Lucila Nogueira, falecida em dezembro do ano passado |
A Academia Pernambucana de Letras elegeu, ontem, o novo ocupante da cadeira de número 33 da instituição literária. Antes pertencente à poetisa Lucila Nogueira, o assento passa a ser do jornalista e escritor Cícero Belmar, autor de obras como Umbilina e sua grande rival e Rossellini amou a pensão de Dona Bombom.
Após obter 30 dos 34 votos registrados na sessão, Belmar celebrou o título destacando a importância da instituição para a cultura pernambucana. “Eu acredito que a Academia Pernambucana de Letras é um espaço muito denso de cultura, arte e história. Fazer parte desse seleto grupo, que tem essa referência, é motivo de muito orgulho e alegria”, comenta Belmar.
Escritor e jornalista, Cícero Belmar, de 54 anos, tem entre as suas publicações romances, contos, biografias e peças teatrais. Mas foi na rotina de repórter em veículos de comunicação de Pernambuco que sentiu o despertar para mergulhar no universo da literatura ficcional: “Eu era repórter do dia a dia e, a partir dessa prática jornalística, principalmente no campo de polícia, eu senti a necessidade de começar a escrever ficção”, ele diz.
O début no meio literário se deu com obras voltadas para o público infantil, motivo de orgulho para o autor. “Uma das alegrias é porque, junto comigo, são os meus livros infantis e minhas peças teatrais que estão entrando na Academia Pernambucana de Letras. Na hora em que eu estou entrando como acadêmico, a APL está reconhecendo minha obra completa, não só os romances. É um momento muito especial na minha vida”, comemora.
Assumir a cadeira antes ocupada pela escritora carioca radicada no Recife Lucila Nogueira - falecida em dezembro de 2016 - é, para o escritor, um momento de reencontro e também de honraria particular. “Lucila era minha amiga. Ela entrou na academia muito jovem, com apenas 41 anos. Para mim, substitui-la é motivo de alegria e de nostalgia muito grande”, afirma Belmar.
Entre as obras assinadas pelo jornalista e escritor, figuram os livros infantis Os vaga-lumes e O pintinho bailarino, as biografias Pola e O homem que arrastou rochedo: Fernando Figueira, e os romances Umbilina e sua grande rival e Rossellini amou a pensão de Dona Bombom - este último premiado pela mesma APL em 2005.
Além de Belmar, postulou a vaga na academia o professor do Departamento de Antropologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Juarez Caesar Malta Sobreira, autor de obras como Elementos para uma crítica da natureza do poder, Freud e o judaísmo: Ensaios sobre psicanálise e religião e Islã: a síntese do monoteísmo.
Publicações
Infantis
Os vaga-lumes, O pintinho bailarino, A floresta encantada, O presente de Júlia e Sem pé nem cabeça. Coração de mel, Meu reino por um drama, Eu não quero ser GregorSamsa e A flor e o sol são algumas das peças escritas para o teatro.
Biografias
Pola (sobre Pola Berenstein, judia sobrevivente ao Holocausto e residente no Recife), O homem que arrastou rochedo: Fernando Figueira (sobre o pediatra) e Acabou-se o que era doce (a respeito da vida do médico Gentil Porto na ditadura militar).
Contos
Tudo na primeira pessoa e Esses livros não me iludem mais
Prêmios
Recebeu duas vezes o Prêmio Literário Lucilo Varejão (Fundação de Cultura Cidade do Recife), em 2000 e 2005, e Prêmio de Ficção Científica da APL, em 2005.
“Eu era repórter do dia a dia e, a partir da prática jornalística, sobretudo no campo de polícia, senti necessidade de começar a ficção”
Cícero Belmar, escritor e jornalista