Entra em beco, sai em beco Elon não acredita na morte explora ausências e expectativas a partir da incessante busca do protagonista pela esposa desaparecida, Madalena

BRENO PESSOA
breno.pessoa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 27/04/2017 03:00

Protagonista interpretado por Romulo Braga percorre ruas e corredores escuros à procura da mulher, em uma trama que faz interessante construção sobre a perda da sanidade (VITRINE FILMES/DIVULGAÇÃO)
Protagonista interpretado por Romulo Braga percorre ruas e corredores escuros à procura da mulher, em uma trama que faz interessante construção sobre a perda da sanidade

Poucas sinopses podem, de fato, condensar tudo que transcorre em um filme, mas é seguro dizer que Elon não acredita na morte pode ter toda a trama descrita em poucas palavras. O personagem-título é um vigia que sai em busca da esposa desaparecida, Madalena, tentando, ao mesmo tempo, entender a razão para o sumiço. A produção é distribuída pelo projeto Sessão Vitrine Petrobras e entra em cartaz hoje nos cinemas da Fundação/Museu e São Luiz.

Econômico na premissa, o filme, primeiro longa do mineiro Ricardo Alves Júnior (Tremor) é minimalista também em outros aspectos. Há poucos diálogos, a iluminação é parca e a escolha de não mostrar muito o protagonista, acompanhado na maior parte do tempo por uma câmera que frequentemente esconde o rosto do personagem ou se detém às suas costas. Enxuta também é a duração: 1h14. Thriller psicológico atípico, Elon não acredita na morte teve boa recepção nos festivais por onde circulou, como a Mostra de Cinema de Tiradentes e o Festival de Cinema de Macau, na China, saindo deste último com o prêmio de contribuição artística.

Ao longo da projeção, acompanhamos Elon (Romulo Braga) por ruas e corredores escuros na busca por Madalena (Clara Choveaux). A direção consegue captar bem a sensação de isolamento e angústia do personagem, mesmo mostrando pouco a expressão facial do ator. Com a câmera acompanhando quase sempre atrás do personagem, o espectador fica com a sensação de estar perseguindo o personagem. É nas poucas interações com os coadjuvantes, entre eles o quadrinista e ator Lourenço Mutarelli e a dramaturga teatral Grace Passô, que temos um melhor vislumbre das feições de Elon.

Mesmo em companhia de outros, Elon parece igualmente sozinho e deslocado, o que só reforça a sensação de angústia. É uma figura que vagueia sem rumo e sem respostas. Outro elemento que ajuda a construir essa atmosfera pesada, quase claustrofóbica, é o design de som, assinado por Pablo Lamar. Tecnicamente um dos pontos altos do filme, o som é meticuloso e preenche, a todo momento, as lacunas deixadas pelo silêncio do personagem. Barulhos mecânicos, rangidos e todo tipo de poluição sonora compõem um ambiente opressor e incômodo.

Com pouca coisa acontecendo em tela e muito sendo dito a partir do silêncio e pesar do protagonista, o filme faz uma interessante construção sobre perda da razão e da sanidade.

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