Prateleira

Publicação: 01/07/2017 03:00

Pecados absolvidos da língua nativa

Dad Squarisi foi agraciada com o duplo talento da professora e da escritora. Ela ensina com a sabedoria de uma mestra e a leveza de uma cronista. Em princípio, a gramática é um tema mais árido do que uma paisagem lunar. Mas, com destreza, Dad consegue destrinchar e clarificar as matérias mais intrincadas e espinhosas.

São essas qualidades que ela exercita em Sete pecados capitais da língua (Ed. Contexto), no qual trata dos erros cabeludos, daqueles que podem levar os desavisados a arderem nos círculos mais profundos do inferno de Dante. A crase, a pontuação, os numerais, a concordância, a regência, a conjugação verbal, os pronomes, as vírgulas e a redação oficial são temas que Dad enfrenta.

Vejamos os pecados dos numerais. Um dos mais recorrentes é o zero à esquerda. Ele já levou muitos descuidados a cumprir penas nos reinos do demo: “Zero à esquerda? É nulidade”, ensina Dad. “Em datas, em vez de 05.04.2018, escreva 5.4.18. Viu? A informação não perde nada. A mesma economia vale para a escrita de numerais: em vez de havia 02 pessoas na sala, fique com havia 2 pessoas na sala. Por quê? Você não diz havia zero duas pessoas na sala.”

O verbo haver é um dos que mais provocam escorregões. No pecado Ira, Dad explica: “Alguns atrevidos o tornam pessoal quando é impessoal. Em vez de houve distúrbios, dizem houveram. Em lugar de havia casas, preferem haviam. Pagam caro. A fúria do verbo desmoraliza reputações e rouba pontos no vestibular, no concurso, no emprego. Valha-nos, Deus!” Sete pecados da língua (Contexto, R$ 19,90).

ENTRE CAFÉS

Voltaire convida para bater um papo

Por meio de uma literatura espirituosa, o jornalista francês Louis Bériot promove o inusitado encontro do escritor, filósofo e ensaísta Voltaire (1694-1778) com ilustres personagens contemporâneos. Na narrativa Um café com Voltaire (Editora Autêntica, 256 Páginas, R$ 39,80), conversas entre grandes mentes do período estão reunidas por meio diálogos escritos a partir de extratos das obras e de cartas dos interlocutores. Isaac Newton, Montesquieu, madame de Pompadour, Frederico II da Prússia e Jean-Jacques Rousseau estão entre os personagens que o autor convida para bater um papo com Voltaire. Com o objetivo de prestar uma homenagem ao filósofo, o autor confronta o livre pensador com as grandes figuras de seu tempo. Voltaire é uma das mentes mais brilhantes do iluminismo.

Confira!

Disco
Da safra de Victor Camarote

O músico pernambucano Victor Camarote disponibilizou, nas plataformas digitais, o novo trabalho da carreira (o primeiro da carreira solo), Quem disse. Álbum com sonoridade caribenha tem influência de Reginaldo Rossi.

Lançamentos: literatura

Tristeza tratada em romance

Classificado por Noé Jitrik como “desafiante”, e por Ricardo Piglia como “deslumbrante”, o livro Anatomia da melancolia (de Carlos Daniel Aletto. Editora Iluminuras, 128 páginas, R$ 42) apresenta um romance disfarçado de histórico. Como o título sugere, também é um forte espaço para reflexões, que diferentemente do que acusa o senso comum, podem lançar luz sobre o problema.

A história em torno da porcelana
Usando a história da porcelana como pano de fundo, a ideia de O caminho da porcelana (de Edmund de Waal, Intrínseca, 384 páginas, R$ 69,90) é construir um caminho de recuperação e memória sobre viagem pelo mundo. A busca pelas porcelanas mais milenares se choca com momentos incríveis da história. O livro revela quanta informação a peça tem e o que diz sobre o mundo.