Tá pensando que ele é Loki? Ex-integrante da banda Os Mutantes, cantor Arnaldo Baptista é um dos destaques do Festival Coquetel Molotov, amanhã, no Caxangá Golf Club

Alef Pontes
Especial para o Diario
edviver@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 20/10/2017 03:00

Estreando em novo local, após problemas de logística que marcaram a última edição da Coudelaria Souza Leão, também na Várzea, o Festival No Ar Coquetel Molotov conta com uma grade de mais de dez horas de música. Amanhã, a partir das 13h, o Caxangá Golf Club, na Várzea, recebe uma maratona de apresentações musicais e performances artísticas. Serão três palcos, em que vão tocar revelações nacionais, como O Terno, Linn da Quebrada e Ricon Sapiência, quanto expoentes internacionais, a exemplo da espanhola Hinds.

Um dos destaques da grade, o cantor e compositor Arnaldo Baptista (Palco Velvet, 18h), ex-Mutantes, apresenta o espetáculo multimídia Sarau: O Benedito?, em formato intimista, no qual sobe ao palco acompanhado de seu piano e mostra sua vertente como artista visual. “O show é uma coisa que tem a ver com o nome do festival. Fica na expectativa, a pessoa não sabe se tem uma metralhadora, um revólver ou um coquetel molotov que vai explodir tudo, mas garanto que vou tacar coisas para acender”, brinca o músico.

Entusiasmado pelo show no Recife, ele promete trazer as músicas mais conhecidas de sua carreira, como Cê tá pensando que eu sou Loki?, Não estou nem aí, Jesus come back to Earth e “E o resto eu vou sentindo o que o público quer. Esse formato é interessante porque faz bem pro ouvido e até pro repertório. A pessoa não fica sabendo o que vai rolar e mantém a expectativa”, observa.

Além dos clássicos, Arnaldo deve apresentar canções inéditas de seu próximo álbum solo, Esphera, que segue em processo de gravação. “Como eu tenho me dedicado mais às apresentações e entrevistas, as gravações acabaram parando um pouco. Mas eu estou estudando minha música e investido bastante na bateria neste trabalho”, antecipa sobre o álbum que vem sendo registrado desde 2014, em seu estúdio particular. Em Sarau: O Benedito? Arnaldo aposta em projeções de seus trabalhos mais recentes como artista plástico, atividade paralela à sua carreira musical. São obras, segundo conta, surgidas de suas inquietações pessoais que são selecionados de acordo com as músicas que vão entrando em seu repertório “para propor uma imersão do público em uma atmosfera de sonoridades e cores”.

Serviço

14º Festival No Ar Coquetel Molotov
Quando: amanhã, a partir das 13h
Onde: Caxangá Golf & Country Club (Avenida Caxangá, 5362, Iputinga)
Quanto: R$ 100, R$ 80 (social) e R$ 50 (meia), à venda no site da Sympla
Programação completa:  goo.gl/6R97FL

3 perguntas // Arnaldo Baptista - cantor

Esse é um show em que você sobe ao palco sozinho com o piano. Como é a sua relação com esse instrumento?
No sentido musical, quando eu toco com a bateria ou com o contrabaixo, eu não posso tocar sozinho, sempre vou depender de uma banda que complete. O piano me dá a liberdade de fazer o show sozinho, eu me coloco de outra forma e me sinto mais completo no sentido de me comunicar com as pessoas.

O público que frequenta o festival e suas apresentações mais recentes possui uma faixa etária média de 20 a 30 anos, e não chegaram a acompanhar seus trabalhos nos anos 1970. Como se dá a sua relação com essa nova geração de fãs?
Isso é algo muito inesperado. Eu não sei o que aconteceu, mas, depois do acidente, em 1982, quando eu tive que reaprender a falar, eu recebi muito mais apreço do público jovem. É gozado que nos shows que eu faço, a Lucinha (Barbosa, esposa de Arnaldo) vai no público perguntar a idade, e eles sequer tinham nascido quando eu estava me apresentando com Os Mutantes. É muito interessante essa descoberta.

A recepção de suas músicas clássicas, como as do seu disco de estreia, é diferente do que foi na época do lançamento?
Naquela época, eu estava muito na expectativa pela repercussão, mas eu não tinha muita consciência da abrangência que isso iria tomar. Hoje, sei o quanto o público pode esperar do que eu vou fazer.