PERFIL » 'Maconha é um assunto urgente' "O Brasil está levando uma guerra às drogas. [Contra] Os pobres, os desfavorecidos", Gregorio Duvivier, apresentador

BRENO PESSOA
breno.pessoa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 24/03/2018 03:00

O horário marcado para a conferência por telefone com a imprensa é sugestivo: 16h20, ou simplesmente 4:20, código da cultura canábica associado ao ato de fumar maconha. Usuário e defensor da legalização da droga, o humorista Gregório Duvivier participou de chamada telefônica com repórteres não especificamente sobre a questão, mas a respeito da segunda fase do Greg News, que estreou na sexta-feira na HBO. Mas foi, sim, tópico abordado na conversa e estará presente em um dos próximos programas, cujos episódios estão disponíveis no streaming do canal, o HBO Go.

“É um assunto urgente”, defende Gregório. “O Brasil está levando uma guerra às drogas”, diz, fazendo a ressalva de que confrontos são travados não contra coisas, mas contra pessoas. “Os pobres, os desfavorecidos”, acrescenta o ator, citando aqueles que considera como verdadeiros alvos de políticas de proibição e repressão em vigor no país. O tráfico, no entanto, é só uma das próximas pautas a serem discutidas na nova temporada do Greg News

Entrevista // Gregório Duvivier

Quais são as mudanças da segunda temporada?

Tem várias novidades, entre elas um estúdio novo. Para mim, faz muita diferença ter um estúdio bem maior, com o dobro do tamanho, um estúdio bonito e modernoso. Embora seja pequeno, o público é essencial, faz parte do programa.  Com mais gente, muda a qualidade da risada da platéia, que parecia de mentira (na primeira temporada), embora fosse de verdade. Melhora a qualidade do riso que a gente capta.

Como é a relação com a equipe de roteiristas do show, como funciona?
Vira uma família mesmo, cada um tem uma história de vida diferente. É uma equipe muito diversa, cada um com uma história de vida, uma experiência diferente, mas também muitas coisas em comum. Todas as pautas são discutidas em grupo, a gente faz tudo muito junto, é um processo bastante coletivo.

É ano de eleições presidenciais. Como o tema vai ser abordado?
Vamos falar dos planos que estão por trás das campanhas, o que não está sendo discutido, as diferenças estruturais de um para outro (candidato). Falar de saúde, educação, economia, e como é a postura de cada candidato sobre isso. A gente não vai ficar só na disputa eleitoral personalística, vamos tentar sair um pouco disso.

Como você encara as reações negativas de algumas pessoas alvo de críticas na primeira temporada?
Se [o deputado federal] Marcos Feliciano e a [âncora] Raquel Sherazade estiverem gostando, é porque você está fazendo errado. Uma reação que me assustou foi o alcance que a gente teve com o programa, quantidade grande de gente, chegando em pessoas que nunca imaginaria.

Qual a importância de fazer humor no Brasil de hoje?
O humor não salva gente, mas nos ajuda a suportar o intolerável. O padroeiro dos humoristas, São Lourenço, quando foi condenado à morte (no fogo sobre uma grelha), disse algo como “vira, que este lado já assou”. Ele não deixou de morrer, não escapou da morte, mas tornou esse restinho de vida um pouquinho mais divertido. É isso um pouco o que o humorista faz, torna nossa rápida passagem pela Terra mais agradável.