TELINHA » Crime sem solução ganha vida na Netflix Unsolved: As investigações sobre os assassinatos dos rappers Tupac Shakur e Biggie Smalls ganharam dramatização

Anamaria Nascimento
anamaria.nascimento@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 07/07/2018 03:00

Vinte e dois anos depois, os assassinatos dos rappers Tupac Shakur e Biggie Smalls continuam cercados de mistério. Tupac foi morto a tiros em setembro de 1996 aos 25 anos, em Las Vegas. Menos de seis meses depois, Christopher Wallace (conhecido como Biggie Smalls ou The Notorious B.I.G) foi alvejado aos 24 anos em Los Angeles. As investigações sobre as mortes e as trajetórias dos artistas nascidos em Nova York e mortos na costa oeste dos Estados Unidos ganharam dramatização disponível na Netflix e inspirada em um livro escrito por um ex-detetive. Com dez episódios, Unsolved chegou à plataforma de streaming em junho e promete trazer o caso de volta aos holofotes.

Tupac, interpretado na série por Marcc Rose, e Biggie Smalls, vivido por Wavyy Jonez, viviam o auge da carreira quando foram assassinados. O álbum All Eyez on Me, de Tupac, é considerado um dos melhores discos de todos os tempos, com mais de 5 milhões de cópias vendidas nos Estados Unidos somente em abril de 1996. Já The Notorious B.I.G. se tornou figura central na cena hip hop da Costa Leste e o artista de maior visibilidade de Nova York no gênero quando lançou o primeiro disco, ironicamente intitulado Ready to Die (1994).

Apesar de terem nascido em Nova York, os dois se conheceram em 1993, em Los Angeles. No primeiro encontro, compartilharam uma “bolsa térmica imensa cheia das ervas mais verdes que já vi na vida”, conforme relatou o estagiário do selo de Biggie Dan Small, que estava com o grupo. Segundo ele, Tupac deixou todo mundo louco com uma mochila militar verde “cheia de pistolas e metralhadoras”. A cena do dia em que Tupac e Biggie se conheceram está no primeiro episódio de Unsolved.

A amizade, porém, não durou muito. De parceiros, Tupac e Biggie Smalls viraram “inimigos mortais”. Apesar de ser centrada nas investigações dos detetives Greg Kading (Josh Duhamel) e Russell Poole (Jimi Simpson), a produção retrata a amizade e desavenças entre os rappers. Um dos produtores da série, Mike Dorsey, afirmou que apesar do nome (‘não solucionado’ em português), a trama oferece respostas definitivas sobre o que aconteceu com os artistas.

A história se desenvolve a partir de duas linhas temporais paralelas. Uma de 1997, quando o investigador Russell Poole (Jimmi Simpson) se debruça sobre o caso. A outra, de 2006, mostra os desdobramentos da investigação 10 anos depois, quando Kading retoma o caso para tentar elucidar os crimes. Na vida real, os dois policiais escreveram livros relatando os resultados das diligências. Nenhuma das versões foi aceita pela polícia. Mais de vinte anos depois, nenhum suspeito foi indiciado. No entanto, Unsolved levou a polícia a reabrir o caso relacionado à morte de Tupac. Após um suspeito confessar participação no homicídio em entrevista para a série, a polícia de Las Vegas anunciou nessa quinta-feira que voltou a investigar o assassinato, segundo a revista norte-americana Billboard.

Um documentário sobre a vida e morte de Tupac está sendo filmado por Steve McQueen (Doze anos de escravidão), sem previsão para lançamento. O diretor britânico afirmou estar “muito emocionado” por explorar a vida do rapper, que disse ter conhecido indiretamente em 1993, quando estudava em Nova York.

+ Investigação

1) The People v. O. J. Simpson: American Crime Story

A primeira temporada de American crime story revisitou o polêmico julgamento de O.J Simpson, acusado de duplo homicídio. Disponível no catálogo brasileiro da Netflix, o seriado criado por Ryan Murphy conquistou nove Emmys e dois Globos de Ouro.

2) The Keepers
A série documental reconstitui a história do desaparecimento da Irmã Cathy Cesnik, freira de Baltimore que era professora de inglês em um colégio católico. O crime ocorrido em 1969 permanece sem solução. Com sete episódios, a produção reúne depoimentos de amigos, familiares, da imprensa local e de representantes do governo.

3) Making a Murderer

Em dez episódios, a produção sobre os julgamentos de Steven Avery e Brendan Cassey, acusados do homicídio da fotógrafa Teresa Halbach, ganhou holofote mundial e prêmios em cerimônias especializadas, como quatro Emmys, além de ter gerado ampla repercussão na internet, com direito à resposta oficial da Casa Branca.

4) Amanda Knox
Duas vezes, a protagonista do documentário foi indiciada e absolvida da autoria de um assassinato. A produção da Netflix traz depoimentos de pessoas próximas ao caso Meredith Kercher, uma estudante britânica de 21 anos assassinada na Itália, ainda sem desfecho.