Dez anos como selo da literatura Fundada em 1967 para publicar diários oficiais, Cepe completa uma década como editora de livros

Fundada em 1967 para publicar diários oficiais, Cepe completa uma década como editora de livros

Publicação: 20/11/2018 03:00

A Cepe Editora comemora a primeira década desde a sua reformulação com a marca de 340 livros publicados. Somente neste ano, 20% do catálogo foi editado, ou seja, são 68 novas obras - impressas e digitais -  nas prateleiras. Para celebrar a data, a Companhia Editora de Pernambuco realiza, até amanhã, uma série de debates, lançamentos, mesas e minicursos. Os eventos são gratuitos e abertos ao público.

A programação conta com o lançamento de dez livros, entre romances, poesias e contos. Hoje, das 14h às 17h, haverá o minicurso O direito à leitura literária, ministrado pelo professor titular de Literatura Comparada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) João Cézar Castro. O curso propõe uma abordagem contemporânea ao abordar as fake news e discutirá o livro O alienista, de Machado de Assis.

Às 19h, acontece a mesa de debates Pequena voz - anotações sobre poesia. Na ocasião, o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Lourival Holanda conversa com o poeta português Nuno Félix da Costa. A noite será encerrada com o lançamento de quatro livros: Pequena voz: anotações sobre poesia, de Nuno Félix da Costa; Poesia reunida, de Terêza Tenório; O azul também se revolta, de Paulo Gustavo, e Mulher sob a influência de um algoritmo, de Rita Isadora Pessoa, vencedora na categoria poesia do Prêmio Cepe Nacional de Literatura.

Amanhã, a partir das 19h, acontece a mesa O insistente inacabado, com conversa entre Anco Márcio Tenório Vieira, da UFPE, e o crítico Luiz Costa Lima. Às 20h30, outros seis livros serão lançados: O insistente inacabado, de Luiz Costa Lima; O colecionador de baleias, de Rômulo César Melo; Anjo negro, de Paulo Schmidt (vencedor na categoria romance do Prêmio Cepe Nacional de Literatura); A flor lilás e outros contos, de Ricardo Braga (vencedor na categoria conto do Prêmio Cepe Nacional de Literatura); Lázaro caminha sobre o abismo, de Augusto Ferraz; e Espaço terrestre, de Gilvan Lemos.

O editor da Cepe, Wellington Melo, ressalta que a reformulação da companhia representou um salto qualitativo na última década. “Celebramos a reestruturação da Cepe Editora, que já desempenha um papel importante há 51 anos. Há 10, houve um investimento maior em tecnologia, em pessoal, resultando em um salto qualitativo”, afirma. Além de editar e imprimir livros, a Cepe é responsável por Pernambuco - suplemento cultural do Diário Oficial do Estado - e pela revista Continente, de circulação mensal.

“Esse movimento de profissionalização se deu com a modernização do parque gráfico e a criação do conselho editorial (atualmente são cinco profissionais, sendo um presidente e quatro membros, que ocupam o cargo por dois anos, período que pode ser renovados por mais dois anos)”, diz Wellington. Para os próximos anos, o plano do editor é fortalecer a nacionalização da editora pernambucana. “Já estamos entre as grandes editoras do país, mas queremos expandir a nossa presença”, destaca.

PRÊMIOS
Considerada a segunda maior editora entre as de imprensa oficial do país, atrás apenas de São Paulo, a Cepe chega ao fim do ano de festejos com indicações e conquistas de prêmios nacionais e internacional, como a final do Jabuti na categoria crônica, com Gordos, magros e guenzos, de José Almino de Alencar. Curso de escrita de romance - Nível 2, de Álvaro Filho, foi semifinalista do Prêmio Oceanos, uma das premiações literárias mais importantes entre os países de língua portuguesa.

Três obras editadas em Pernambuco foram reconhecidas no Prêmio Literário da Biblioteca Nacional. Os filhos do deserto combatem na solidão, de Lourenço Cazarré, foi o primeiro colocado em literatura juvenil (Prêmio Glória Pondé). O voo da eterna brevidade, de José Mário Rodrigues, recebeu o segundo lugar em poesia (Prêmio Alphonsus de Guimaraens). Já Outro lugar, de Luis Sérgio Krausz, foi o terceiro colocado em romance (Prêmio Machado de Assis).

Lançamentos

O colecionador de baleias
de Rômulo César Melo (132 páginas, R$ 20)
Na coletânea de 17 contos, o que dá título ao livro, O colecionador de baleias, encerra a obra “com gosto de sal e sangue na boca”, mesma sensação que se tem ao longo de toda a leitura. A morte em suas diversas nuances é visita constante na narrativa do autor. O autor venceu o II Prêmio Pernambuco de Literatura com outro livro de contos, Dois nós na gravata (2015).

Pequena Voz: Anotações sobre poesia de Nuno Félix da Costa (320 páginas, preço não informado)
“Um poeta não deveria falar de poesia - tem dela sempre uma ideia inútil para os outros”, diz o autor português de 68 anos na primeira frase do livro editado pela segunda vez no Brasil. A obra que o psiquiatra, pintor e fotógrafo Nuno Félix da Costa passou dez anos para escrever fala da importância da poesia para o desenvolvimento do pensamento. Assim como o é a filosofia.

Lázaro caminha sobre o abismo de Augusto Ferraz (230 páginas, R$ 30: livro impresso / R$ 8: e-book)
Na obra, a prosa flerta com a poesia na descrição dos sentimentos e sensações do narrador. O conceito de vida e morte ganha uma dimensão particular no texto de Augusto Ferraz, para quem “cada um tem um morto dentro de si”. O personagem Lázaro personifica essa alegoria. O romance parte de uma frase em caixa baixa e termina sem ponto final, numa estrutura fragmentada que remete à continuidade.

O azul também se revolta
de Paulo Gustavo (124 páginas, R$ 20: livro impresso / R$ 6: e-book)
Cinquenta poesias são envolvidas por um prefácio de Anco Márcio Tenório Vieira, que analisa a obra do imortal da Academia Pernambucana de Letras (APL) em 12 das 124 páginas. Anco Márcio resume a poesia de Paulo Gustavo em relação aos seus pares: “mais condensada, concisa e menos retórica”. Para Paulo Gustavo, diz Anco Márcio, a poesia precisa ser ativa e passiva.

Poesia reunida de Terêza Tenório (504 páginas, preço não informado)
O universo cósmico e imaginário da poesia de Terêza Tenório é agrupado pela Cepe Editora em primeira antologia própria. A Poesia reunida da recifense, nascida em 1949, obedece a ordem cronológica de suas publicações, começando pelo Parábola (1970) e terminando com A casa que dorme (2003), organização feita a pedido da poeta.

Mulher sob a influência de um algoritmo
de Rita Isadora Pessoa (76 páginas, preço não informado)
A poeta e psicóloga carioca é conhecida pelo texto confessional. Em seus poemas de poucos, mas densos versos, Rita expõe dores vividas por ela e por outras mulheres. “A ideia era que algumas dessas mulheres fossem parte de mim, mas que eu pudesse também dar voz a mulheres diferentes - familiares ou desconhecidas. O livro pode ter, portanto, essa função de oráculo algorítmico”, conta.

Anjo Negro de Paulo Schmidt (304 páginas, preço não informado)
A história é narrada por Gregório Fortunato, guarda-costas de Getúlio Vargas que trava luta contra seres sobrenaturais como lobisomens e vampiros. Essas criaturas monstruosas se confundem com personagens históricos em uma trama de ação, intriga e conspiração que revela segredos sobre o suicídio de Getúlio passado dentro de um universo fantástico.

Espaço Terrestre
de Gilvan Lemos (223 páginas, preço não informado)
Gilvan Lemos (1928-2015) apresenta a saga de uma fictícia comunidade do interior nordestino e das várias gerações de uma família luso-tropical, os Albanos, que na vila de Sulidade vive conflitos exacerbados pela miscigenação entre portugueses, negros e índios. Escrito há quase duas décadas, é o primeiro romance histórico de Gilvan Lemos e ganha a terceira edição pela Cepe.

A flor lilás e outros contos de Ricardo Augusto Pessoa Braga (101 páginas, preço não informado)
Cenas que se desenrolam em Pernambuco, Rio de Janeiro e Amazonas mesclam episódios reais e voos livres da imaginação, ora de forma dolorosa ora com leveza e bom humor no livro do escritor pernambucano. Esse é o segundo livro de Ricardo Braga, também biólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco, lançado pela Cepe.

O insistente inacabado de Luiz Costa Lima (252 páginas, preço não informado)
O autor rememora perguntas sobre a escrita da história e a literatura a partir da análise de definições elaboradas pelos historiadores e romancistas alemães Chladenius, Droysen, Gervinus e Fielding, entre a segunda metade do século 18 e a primeira do século 19. O autor questiona o desdobramento dessas perguntas e da literatura como reafirmação do fato social.

Publicações

Critérios para envio de livros para a editora:

  1. Contribuição à cultura.
  2. Sintonia com a linha editorial da Cepe.
  3. O conselho não acolhe teses ou dissertações sem as modificações necessárias à edição e que contemplem a ampliação de leitores.
  4. Os textos devem ser entregues em duas vias, em papel A4, conforme a nova ortografia, em fonte Times New Roman, tamanho 12, com espaço de uma linha e meia, sem rasuras e contendo, quando for o caso, índices e bibliografias apresentados conforme as normas técnicas em vigor.
  5. Serão rejeitados originais que atentem contra a Declaração dos Direitos Humanos e fomentem a violência e as diversas formas de preconceito.
  6. Os originais devem ser encaminhados à Presidência da Cepe (Rua Coelho Leite, 530, Santo Amaro, Recife) com currículo resumido e endereço para contato.
Números da Cepe
  • 340 livros publicados em 10 anos
  • 68 apenas em 2018
  • 2 editores
  • 17 profissionais de tratamento de imagem, revisão, diagramação, design, assistência de produção e outros
  • 240 escritores, nas diversas áreas do conhecimento, já tiveram livros editados pela Cepe, entre eles Ascenso Ferreira, Carlos Pena Filho, Dom Helder Câmara, Fátima Quintas, Francisco Brennand, Hermilo Borba Filho, Homero Fonseca, Joaquim Cardozo, José Luiz da Mota Menezes, Luzilá Gonçalves Ferreira, Mario Sette, Mauro Mota e Raimundo Carrero