O adeus ao mestre das cordas
O pernambucano Henrique Annes, um dos maiores violonistas do país, faleceu aos 75 anos, deixando belas composições e a formação de gerações de musicistas
EMANNUEL BENTO
emannuel.bento@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 22/09/2021 03:00
O Brasil perdeu um dos seus maiores violonistas na noite da última segunda-feira. O recifense Henrique Annes, nome fundamental para a construção de um estilo de tocar essencialmente nordestino, faleceu aos 75 anos. Ele sofria de hidrocefalia e teve uma parada cardíaca enquanto era levado para uma cirurgia num hospital no Recife. O velório e o sepultamento foram realizados ontem, no Cemitério de Santo Amaro, Centro da capital. Além do trabalho nos palcos, Annes formou gerações de musicistas sendo professor do Conservatório Pernambuco de Música (CPM) por 38 anos. Foi nessa instituição que ele fundou a cadeira de violão erudito, vertente que preza pela leitura musical e divisão rítmica. Ele também era um grande conhecedor do violão popular, onde prevalece a harmonia e a improvisação.
Henrique José Pedrosa Annes integrou a Orquestra Sinfônica do Recife e a Orquestra Armorial de Câmara de Pernambuco, com destaque ainda para a Orquestra de Cordas Dedilhadas de Pernambuco, que reunia violão de seis cordas, três violas nordestinas, três bandolins, um cavaquinho e contrabaixo acústico para unir representações do urbano e do rural na música popular instrumental pernambucana. Fosse solo ou com algum desses grupos, ele lançou 17 discos.
Ele mostrou talento nos instrumentos ainda jovem. Aos 14 anos, foi levado à Rádio Jornal do Commercio pelo comediante Brivaldo Franklin, o Zé do Gato, para se apresentar no programa Quando os violões se encontram. A desenvoltura impressionou músicos da emissora, fazendo-o circular entre nomes como Ernani Reis, Miro Rosé e Romualdo Miranda.
Seu primeiro instrumento foi um cavaquinho, mas logo passou para o violão, instrumento que tocou desde então, totalizando 57 anos de carreira. Henrique teve aulas de violão clássico com Amaro Siqueira, antes de ingressar no CPM e passar a estudar teoria e solfejo com Severino Revorêdo. Ele também trabalhou com Zé do Carmo (a quem dedicou um álbum inteiro), Alfredo Medeiros, Dona Ceça e Rossini Ferreira. Com Canhoto da Paraíba, ele estreou em disco, aos 22 anos. Também dividiu com Chico Soares o álbum Único amor (1968).
Em 2013, ele comemorou 50 anos de carreira com dois dias de shows no Teatro Boa Vista, com participações de nomes como Naná Vasconcelos, Maestro Spok, Lalão e Turíbio Santos. O projeto Jubileu das cordas seguiu para turnê no interior, passando por Triunfo, Garanhuns, Arcoverde, Caruaru e Surubim. Nessa época, em entrevista ao Diario, ele disse que tinha um apreço especial por uma dúzia de composições que formavam a série Caribeana, sendo a de número 3 a sua favorita. “Não sei explicar bem o porquê. Acho que ela é muito romântica, muito melódica. Requer um desenrolar, um desembaraço que exige uma técnica mais apurada”, disse.
Amigo de Annes por quase 40 anos, o médico e violonista Racine Cerqueira diz que o músico deixou um rico acervo. “Uma pessoa simples que nos deixou um acervo de composições de choros, valsas e mais coisas inéditas. Ele foi um dos grandes conhecedores da memória do violão no Brasil. Tinha um grande domínio do violão, da harmonia, sendo um grande solista.” Ao citar o especial da TV Globo dos 50 anos de carreira do músico, Cerqueira reforça que Annes merece uma nova homenagem. “De um tempo pra cá, não vemos mais uma valorização desse tipo de música. As coisas foram ficando mais difíceis. O incentivo cultural no Brasil funciona mais para o que trás dinheiro”.
Henrique José Pedrosa Annes integrou a Orquestra Sinfônica do Recife e a Orquestra Armorial de Câmara de Pernambuco, com destaque ainda para a Orquestra de Cordas Dedilhadas de Pernambuco, que reunia violão de seis cordas, três violas nordestinas, três bandolins, um cavaquinho e contrabaixo acústico para unir representações do urbano e do rural na música popular instrumental pernambucana. Fosse solo ou com algum desses grupos, ele lançou 17 discos.
Ele mostrou talento nos instrumentos ainda jovem. Aos 14 anos, foi levado à Rádio Jornal do Commercio pelo comediante Brivaldo Franklin, o Zé do Gato, para se apresentar no programa Quando os violões se encontram. A desenvoltura impressionou músicos da emissora, fazendo-o circular entre nomes como Ernani Reis, Miro Rosé e Romualdo Miranda.
Seu primeiro instrumento foi um cavaquinho, mas logo passou para o violão, instrumento que tocou desde então, totalizando 57 anos de carreira. Henrique teve aulas de violão clássico com Amaro Siqueira, antes de ingressar no CPM e passar a estudar teoria e solfejo com Severino Revorêdo. Ele também trabalhou com Zé do Carmo (a quem dedicou um álbum inteiro), Alfredo Medeiros, Dona Ceça e Rossini Ferreira. Com Canhoto da Paraíba, ele estreou em disco, aos 22 anos. Também dividiu com Chico Soares o álbum Único amor (1968).
Em 2013, ele comemorou 50 anos de carreira com dois dias de shows no Teatro Boa Vista, com participações de nomes como Naná Vasconcelos, Maestro Spok, Lalão e Turíbio Santos. O projeto Jubileu das cordas seguiu para turnê no interior, passando por Triunfo, Garanhuns, Arcoverde, Caruaru e Surubim. Nessa época, em entrevista ao Diario, ele disse que tinha um apreço especial por uma dúzia de composições que formavam a série Caribeana, sendo a de número 3 a sua favorita. “Não sei explicar bem o porquê. Acho que ela é muito romântica, muito melódica. Requer um desenrolar, um desembaraço que exige uma técnica mais apurada”, disse.
Amigo de Annes por quase 40 anos, o médico e violonista Racine Cerqueira diz que o músico deixou um rico acervo. “Uma pessoa simples que nos deixou um acervo de composições de choros, valsas e mais coisas inéditas. Ele foi um dos grandes conhecedores da memória do violão no Brasil. Tinha um grande domínio do violão, da harmonia, sendo um grande solista.” Ao citar o especial da TV Globo dos 50 anos de carreira do músico, Cerqueira reforça que Annes merece uma nova homenagem. “De um tempo pra cá, não vemos mais uma valorização desse tipo de música. As coisas foram ficando mais difíceis. O incentivo cultural no Brasil funciona mais para o que trás dinheiro”.