"Paulinha, me diz o que é que eu faço..." Cantora que inspirou este refrão de sucesso e vocalista da banda de forró que mais vendeu discos no país, a Calcinha Preta, Paulinha Abelha morreu ontem

Publicação: 24/02/2022 03:00

Dona de uma trajetória marcante na música desde o “boom” do forró eletrônico - hoje denominado “forró das antigas” - na década de 1990, à frente da banda Calcinha Preta, a cantora Paulinha Abelha morreu ontem, aos 43 anos, em Aracaju. A artista estava internada desde o dia 11 de fevereiro devido a problemas renais. Os fãs ficaram em “vigília” a cada atualização do boletim médico, e ontem, o último deles confirmou o óbito.

Ela foi internada depois de sentir dores após um show em São Paulo. Naquele momento, o quadro era estável. Dias depois, a notícia que ninguém esperava veio à tona: Paulinha, que parecia tratar de problemas não tão graves, entrou no quadro mais grave do coma por apresentar piora neurológica causada por uma infecção. De acordo com o Hospital Primavera, a artista faleceu “em decorrência de um quadro de comprometimento multissistêmico”. A cantora teria sofrido uma piora no quadro neurológico nas 24 horas antecedentes, o que resultou no diagnóstico da morte encefálica.

Paula de Menezes Nascimento Leça Viana nasceu em Simão Dias, em Sergipe, em 16 de agosto de 1978. Doze anos depois, ela já integrava o hall de artistas locais que cantavam em festas tradicionais das cidades do interior sergipano, em cima de trios elétricos. Logo depois, quis investir no sonho de levar o forró para todos os cantos.

Por três anos, tentou emplacar a própria banda, a Flor de Mel, mas a falta de recursos financeiros fizeram Paulinha desistir da iniciativa. Ela foi convidada, então, para a banda Panela de Barro, onde cantou por mais três anos. Foi apenas no fim dos anos 90 que Paulinha teve o reconhecimento expressivo tão sonhado: ela foi descoberta pelo empresário e diretor da Calcinha Preta, Gilton Andrade, em 1998, e prontamente recebeu o convite para se tornar uma das vocalistas.

Foi a voz de Paula que eternizou 22 álbuns e três DVDs do grupo, com sucessos como Você não vale nada, Como vou deixar você, A dona do barraco e Louca por ti. Calcinha Preta foi a banda de forró com mais discos vendidos na história, com quase 10 milhões de cópias vendidas.

Admirada e carinhosa com os fãs, Paulinha ganhou uma música da banda em homenagem a ela em 2007, inspirada em uma carta de um fã. Chama-se Paulinha, uma versão de Without you, hit da cantora norte-americana Mariah Carey.

CARREIRA SOLO
A trajetória de Paulinha com o grupo, que lhe deu a visibilidade necessária para mostrar todo o talento, foi intensa e cheia de idas e vindas. Em 2010, Paulinha surpreendeu os fãs ao anunciar a saída da Calcinha Preta para integrar a banda GDO do Forró. Mas o projeto não foi pra frente. Oito meses depois, em agosto do mesmo ano, ela lançou a dupla Paulinha & Marlus, com o então marido e também ex-integrante da Calcinha Preta.

A dupla permaneceu até 2014, quando os dois decidiram voltar às raízes do maior grupo de forró de Sergipe. Mas o retorno foi mais um flashback: dois anos depois, em 2016, a cantora deixou a banda Calcinha Preta novamente, dessa vez ao lado de Silvânia Aquino, com quem se juntou e fez o trio Gigantes do Brasil, em parceria com Daniel Diau.

Em dezembro de 2016, as duas vocalistas decidiram seguir sozinhas na dupla Silvânia & Paulinha. Dois anos depois, as duas voltaram à Calcinha Preta, onde Paula permaneceu até o falecimento. Em 2020, a banda gravou um show comemorativo pelos 25 anos e, em 2022, voltava à rotina de shows após a paralisação da agenda, causada pela Covid-19. (Da redação, com Correio Braziliense)
 
Perda recente
A morte de Paulinha Abelha revelou um fato triste na história da Calcinha Preta. Em quase 27 anos de história, três músicos da banda morreram, dois deles nos últimos quatro meses. Em 4 de novembro de 2021, José Aparecido da Silva, conhecido como Sidney, foi encontrado morto na casa onde morava, em Sergipe. Ele foi o primeiro vocalista da banda de forró, que se formou em 1995, e a causa da morte foi identificada como assassinato. Já o baixista e diretor artístico Gilson Pereira de Almeida, o Gilson Batata, morreu em Caicó, em 2009, após sofrer um infarto agudo do miocárdio

Depoimentos


“Infelizmente, o pior aconteceu e a nossa abelha rainha Paulinha Abelha se foi. Momento de tristeza para o mundo forrozeiro e para todos os seus fãs e amigos espalhados pelo mundo. Vai com Deus, minha amiga. Sentirei muito a sua falta.”

(Edson Lima, vocalista da Limão com Mel)

“Que sua passagem seja de muita luz, Paulinha, e que todos aqueles que te amam sejam confortados por Deus.”

(Wesley Safadão, cantor)

“O Brasil e o mundo perdem uma grande artista, dona de uma voz incomparável. Minha solidariedade aos familiares, amigos e fãs.”

(Frank Aguiar, cantor)