Integração de moda e cidade
O artista visual Cássio Bonfim volta a desfilar as peças do ACRE com nova coleção, que será apresentada em evento no Eufrásio Barbosa
ROSTAND TIAGO
rostand.filho@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 31/03/2022 03:00
O artista visual Cássio Bonfim volta a desfilar as peças do ACRE, sua consolidada marca com mais de uma década de trajetória, trazendo a sua já conhecida agitação cultural para o Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda. Após uma temporada em Salvador, Bonfim volta ao seu estado e organiza uma verdadeira celebração de seu trabalho ao apresentar a coleção ACRE: Clássicos e Futuros, trazendo peças emblemáticas de suas 13 coleções com nova roupagem, aprimoramentos em acabamentos, modelagem, estampas e outros aspectos. O evento será no domingo, às 17h, gratuito e tomará o Salão Janete Costa, na parte interna, e a calçada do espaço, recebendo a trilha sonora de Afroito.
“É um processo que surge a partir de um tempo de reflexão e descanso possibilitado inevitavelmente pela pandemia. Isso misturado com uma tomada de consciência de que a pesquisa empreendida pelo ACRE, em termos de desenvolvimento têxtil, economia de moda, cruzamento com outras linguagens e o figurino cênico como complemento do DNA da marca, abre um desejo de aprimorar-se e de fazer com que existisse uma nova possibilidade para coisas que foram vistas e consumidas por uma parcela muito pequena nestes 13 anos da marca. A coleção nasce de uma seleção dessas peças e vem de uma auto homenagem da marca, ainda mais nessa confusão que existe entre o que é o ACRE e o que sou eu”, explica Cássio.
A iniciativa foi possibilitada pelo programa de incubação de negócios do Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções de Pernambuco. Nesse processo, o ACRE pôde requalificar seu ateliê e pensar em branding, mercadologia digital, precificação - aspectos que, segundo Bonfim, são deixados muitas vezes em segundo plano por quem trabalha com moda e não com vestuário. A partir dessa experiência de um ano, ele chegou nesse “conceito holístico” de uma coleção que olha para a memória afetiva do que a marca construiu, mas com novos desenvolvimentos.
“Tem coisas que vão de um aprimoramento ao que é o caimento e o lugar da cintura, coisas mais técnicas de modelagem, a versões mais bem acabadas de produtos que, em sua versão original, tinham uma natureza experimental. Também há processo de recolorização das estampas e vários outros para que esse exercício não seja de entregar os mesmos desenvolvimentos. Não caberia, dentro do processo proposto pela incubadora, uma reedição dessas peças. Fiz uma seleção que é uma mistura de hits de venda e produtos que achei que foram injustiçados nas épocas de suas coleções, seja por falta de recursos para reproduzir ou que não tinha iniciação processual junto a fornecedores para serem realizados de forma bem executada.”
A ocupação do interior e exterior do Eufrásio Barbosa retoma o espírito dos desfiles do ACRE de ocuparem os espaços públicos com efervescência cultural. Anteriormente, ele realizava boa parte deles em locais como o monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora. É uma continuidade de suas ideias de integração da moda com a cidade e suas diversas manifestações artísticas. Sua estadia de três anos em Salvador, por exemplo, acabou afiando ainda mais sua visão sobre esse contexto, observando que “o Recife ainda tem que comer feijão com arroz para se chamar culturalmente democrática”, como avalia. “Essas erupções culturais no Recife e toda a dinâmica da economia criativa, tudo isso, quando converte para a integração com a sociedade, não passa da fala do ‘orgulho de ser pernambucano’.”
No elenco do desfile, ele volta a contar com nomes de destaque da produção cultural local, como o músico Cannibal, a ativista e empreendedora Maria do Céu e a produtora Ana Garcia, além da presença do Som na Rural.
“É um processo que surge a partir de um tempo de reflexão e descanso possibilitado inevitavelmente pela pandemia. Isso misturado com uma tomada de consciência de que a pesquisa empreendida pelo ACRE, em termos de desenvolvimento têxtil, economia de moda, cruzamento com outras linguagens e o figurino cênico como complemento do DNA da marca, abre um desejo de aprimorar-se e de fazer com que existisse uma nova possibilidade para coisas que foram vistas e consumidas por uma parcela muito pequena nestes 13 anos da marca. A coleção nasce de uma seleção dessas peças e vem de uma auto homenagem da marca, ainda mais nessa confusão que existe entre o que é o ACRE e o que sou eu”, explica Cássio.
A iniciativa foi possibilitada pelo programa de incubação de negócios do Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções de Pernambuco. Nesse processo, o ACRE pôde requalificar seu ateliê e pensar em branding, mercadologia digital, precificação - aspectos que, segundo Bonfim, são deixados muitas vezes em segundo plano por quem trabalha com moda e não com vestuário. A partir dessa experiência de um ano, ele chegou nesse “conceito holístico” de uma coleção que olha para a memória afetiva do que a marca construiu, mas com novos desenvolvimentos.
“Tem coisas que vão de um aprimoramento ao que é o caimento e o lugar da cintura, coisas mais técnicas de modelagem, a versões mais bem acabadas de produtos que, em sua versão original, tinham uma natureza experimental. Também há processo de recolorização das estampas e vários outros para que esse exercício não seja de entregar os mesmos desenvolvimentos. Não caberia, dentro do processo proposto pela incubadora, uma reedição dessas peças. Fiz uma seleção que é uma mistura de hits de venda e produtos que achei que foram injustiçados nas épocas de suas coleções, seja por falta de recursos para reproduzir ou que não tinha iniciação processual junto a fornecedores para serem realizados de forma bem executada.”
A ocupação do interior e exterior do Eufrásio Barbosa retoma o espírito dos desfiles do ACRE de ocuparem os espaços públicos com efervescência cultural. Anteriormente, ele realizava boa parte deles em locais como o monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora. É uma continuidade de suas ideias de integração da moda com a cidade e suas diversas manifestações artísticas. Sua estadia de três anos em Salvador, por exemplo, acabou afiando ainda mais sua visão sobre esse contexto, observando que “o Recife ainda tem que comer feijão com arroz para se chamar culturalmente democrática”, como avalia. “Essas erupções culturais no Recife e toda a dinâmica da economia criativa, tudo isso, quando converte para a integração com a sociedade, não passa da fala do ‘orgulho de ser pernambucano’.”
No elenco do desfile, ele volta a contar com nomes de destaque da produção cultural local, como o músico Cannibal, a ativista e empreendedora Maria do Céu e a produtora Ana Garcia, além da presença do Som na Rural.