L7nnon no topo Misturando trap, rap e funk, o rapper carioca L7nnon se tornou o brasileiro mais escutado nas plataformas digitais

Pedro Ibarra
Do Correio Braziliense

Publicação: 15/10/2022 03:00

Não é segredo para ninguém que as plataformas digitais mudaram a forma como o público consome música. Um artista, por meio de Spotify ou TikTok, pode ficar famoso da noite para o dia. Porém, há figuras que o crescimento pode ser acompanhado. O rapper L7nnon é um dos casos recentes em que a ascensão ocorreu como um processo e agora ele chegou ao pico, se tornando o artista mais escutado do Brasil no Spotify.

Carioca, natural do bairro de Realengo, L7 tem apenas cinco anos de carreira e já conquistou o Brasil. São 9,9 milhões de ouvintes mensais na plataforma de streaming de música. Alguns dos destaques estão nas músicas Freio da blazer, com mais de 100 milhões de reproduções; Corte americano, com mais de 93 milhões; Perdição, mais de 83 milhões; e Sem dó, 66 milhões. Em um passeio pelo funk, ainda estourou os hits de TikTok Ai preto e Desenrola bate joga de ladin, sem contar o sucesso estrondoso do projeto Poesia Acústica, do qual participou algumas vezes. Ao todo, atingiu a marca impressionante de mais de 1 bilhão de streams.

O fato reverteu em uma agenda lotada, com shows em todo país e participações em grandes festivais como o tradicional Planeta Brasil, em Belo Horizonte, o estreante Primavera Sound, em São Paulo, e o gigante Rock in Rio. A fama fez ele ser reconhecido internacionalmente. Para comemorar o feito, o músico apresentou recentemente o single Vim de lá, um passeio por tudo que conquistou até hoje. “Eu olho para o início da minha carreira para explicar que nada foi por acaso e também agradecer a todos que estiveram comigo na caminhada. Tem muita verdade nessa música e acredito que muita gente vai se identificar”, afirma.

ENTREVISTA - L7nnon // rapper

O posto de artista mais ouvido demonstra que o seu trabalho tem sido recompensado. O que isso significa para o L7nnon que lá atrás decidiu viver de música?
Cara, eu não sei nem o que dizer. Tenho cinco anos de carreira e só eu sei como foi suado pra chegar aqui. Mas agora eu vejo que todo esforço deu certo e sou profundamente grato por todos os amigos e familiares que sempre acreditaram em mim e não me deixaram desistir. Eu procuro não ficar pensando demais sobre esse lance de ser o mais ouvido, mas eu recebo de forma muito positiva. No fim das contas o que eu quero é cantar e chegar ao máximo de pessoas. Quero que elas sintam a felicidade que eu tenho de poder viver tudo que eu sempre sonhei na minha vida.

Você é trap, é rap e é funk. Qual a importância de circular um pouco em cada?
O funk está presente na minha vida desde a infância e ter gravado Desenrola bate joga de ladin com Os Hawaianos foi uma honra, porque os caras são relíquias e importantes demais pra que muita gente pudesse ter uma carreira, como o Biel do Furduncinho, por exemplo, com quem gravei e é outro monstro. No rap, eu também gosto de explorar bastante, de rimar no trap, drill, o que vier eu tô fazendo. Além disso, eu sinto que essa diversidade me deixa um MC melhor. É importante.

As suas parcerias também são um ponto alto no quesito diversidade. Qual a importância de dividir o microfone com músicos de todos os estilos?
Eu gosto muito de sair da minha zona de conforto, e cantar com artistas de outros gêneros é muito importante. Quando eu ia pensar que teria uma música com Leo Santana e Ivete Sangalo, que tão aí há muitos anos? Além de ser uma honra trabalhar com gente nova. Sinto que melhoro como artista também.

Como você percebe o crescimento do trap com o público brasileiro?

Eu fico feliz, porque o Brasil tem muito talento e faz um trap de primeiro nível. Não sei se mainstream, porque ainda falta espaço na TV, na rádio, mas aos poucos a gente vai conquistando isso. Somos aceitos por boa parte do público, mas a gente sabe que pode alcançar ainda mais gente.

O crescimento da cultura hip-hop no Brasil é um traço de que o Brasil tem aceitado melhor uma música que sempre foi marginalizada. Você acredita que pode ser uma mudança permanente de como o público vê os artistas do gênero?

Acho que mudou. É só você os números dos artistas do rap hoje e projetos da dimensão do Poesia Acústica com músicas de 12 minutos que tem milhões de visualizações e caíram no gosto de gente que nem conhecem direito o hip hop.

Acha que a música que vem dos pretos, pobres e periféricos ainda sofre preconceito?

Claro que sofre, mas a gente está vindo com força pra mudar isso. Não dá mais para ignorar um movimento tão grande e com tanta gente boa. Para a gente, é sempre duas vezes mais difícil, mas a cada ano que passa, nosso trabalho vai ganhando mais reconhecimento e quem é contra não tem muito o que fazer.