O Armorial através da dança
História de 25 anos do Grupo Grial, criado por Ariano Suassuna e Maria Paula Costa Rêgo, é contada em livro que será lançado pela Cepe no sábado , no Museu do Estado de Pernambuco
Publicação: 21/11/2023 03:00
As tradições populares do Nordeste ganharam uma roupagem expressiva no universo da dança contemporânea no final do século 20. Ninguém menos do que Ariano Suassuna, em 1997, convidou a bailarina e coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo para criarem juntos um grupo de dança que fosse a representação em baile do movimento armorial idealizado pelo dramaturgo, e assim surgiu o Grupo Grial, que completou 25 anos em 2022. Agora, a celebração dessa data chega também com a publicação de um livro para registrar essa história: Poeira, Sagrado e Festa - 25 Anos do Grupo Grial, organizado pela própria Maria Paula e lançado pela Cepe Editora neste sábado, dia 25, às 17 horas, no Museu do Estado de Pernambuco.
Em textos do professor Carlos Newton Júnior, da crítica de dança Helena Katz, do intérprete e coreógrafo Kleber Lourenço, do jornalista Mateus Araújo e da própria Maria Paula, a publicação resgata a trajetória do grupo através também de fotos dos 13 espetáculos de dança encenados ao longo das mais de duas décadas de trabalho. "O Grial aprofundou o mergulho no universo da dança e dos espetáculos populares, conseguindo promover, finalmente, a fusão do erudito com o popular com a qual Suassuna tanto sonhava", escreve Carlos Newton Júnior. Para Helena Katz, "o Grial se tornou uma escola não formal de experimentações preciosas, passando a alfabetizar o Brasil de viés colonial %u2013 que se entendia como %u2018de formação erudita%u2019 e não reconhecia a força nefasta do colonialismo interno que fortalecia o peso do Sudeste e enfraquecia o das outras regiões".
Depois do primeiro espetáculo, foi criado o Auto do Estudante que se Vendeu ao Diabo, e alguns dançarinos da equipe original foram saindo. Maria Paula conta que teve recomendações de pessoas próximas que conheciam o trabalho do grupo e, com essa formação, ela seguiu ao longo de sete anos. "Quando o Grupo Grial resolveu aprofundar sua pesquisa junto ao cavalo-marinho e maracatu rural, eu me aproximei da família de Mestre Biu (in memoriam). Todos os participantes desta época (até hoje), eram escolhidos por convite porque eu os via se mover durante as sambadas. Mesmo não sendo brincantes (no espetáculo Travessia, havia dançarinos que não eram brincantes), eu sempre os convidava por tê-los visto atuar em algum lugar", relata.
No livro, a organizadora apresenta o grupo em três fases, como costuma ressaltar. A primeira delas reuniu seis dançarinos intérpretes, de 19 de março de 1997, com o espetáculo de estreia, A Demanda do Graal Dançado, roteirizado por Ariano, até 2004. A segunda, com 11 dançarinos e brincantes, foi de 2004 até 2010, trazendo com um dos espetáculos Brincadeira de Mulato, e a terceira etapa, que foi de 2010 a 2014, trouxe solo, duo e equipes de oito integrantes em apresentações como Castanho sua cor e Terra.
Maria Paula trabalhou na gestão pública de cultura ao longo de cinco anos, o que representou também um intervalo durante esse mesmo período para o Grial. Com seu retorno gradual ao grupo, ela se interessa em retomar leituras de peças antigas e remontá-las em novas apresentações por cidades pernambucanas. "Acho incrível a possibilidade de releitura de peças antigas, até porque acredito na movência das minhas obras. Os intérpretes do Grial estão mais maduros, dançando melhor, mais intensamente, temos novos intérpretes, inclusive a Bruna, uma dançarina/cantora, artista PCD visual. Estou muito feliz com essa nova fase do Grupo Grial. Quanto à nossa nova criação coreográfica: ainda é um segredo (risos). Mas estou absolutamente sem pressa. Acredito ter amadurecido, e o livro é uma constatação do trabalho do tanto de feito. Agora é continuar reverberando novos mundos, com novos intérpretes e apontando novos coreógrafos", conclui.
Em textos do professor Carlos Newton Júnior, da crítica de dança Helena Katz, do intérprete e coreógrafo Kleber Lourenço, do jornalista Mateus Araújo e da própria Maria Paula, a publicação resgata a trajetória do grupo através também de fotos dos 13 espetáculos de dança encenados ao longo das mais de duas décadas de trabalho. "O Grial aprofundou o mergulho no universo da dança e dos espetáculos populares, conseguindo promover, finalmente, a fusão do erudito com o popular com a qual Suassuna tanto sonhava", escreve Carlos Newton Júnior. Para Helena Katz, "o Grial se tornou uma escola não formal de experimentações preciosas, passando a alfabetizar o Brasil de viés colonial %u2013 que se entendia como %u2018de formação erudita%u2019 e não reconhecia a força nefasta do colonialismo interno que fortalecia o peso do Sudeste e enfraquecia o das outras regiões".
Depois do primeiro espetáculo, foi criado o Auto do Estudante que se Vendeu ao Diabo, e alguns dançarinos da equipe original foram saindo. Maria Paula conta que teve recomendações de pessoas próximas que conheciam o trabalho do grupo e, com essa formação, ela seguiu ao longo de sete anos. "Quando o Grupo Grial resolveu aprofundar sua pesquisa junto ao cavalo-marinho e maracatu rural, eu me aproximei da família de Mestre Biu (in memoriam). Todos os participantes desta época (até hoje), eram escolhidos por convite porque eu os via se mover durante as sambadas. Mesmo não sendo brincantes (no espetáculo Travessia, havia dançarinos que não eram brincantes), eu sempre os convidava por tê-los visto atuar em algum lugar", relata.
No livro, a organizadora apresenta o grupo em três fases, como costuma ressaltar. A primeira delas reuniu seis dançarinos intérpretes, de 19 de março de 1997, com o espetáculo de estreia, A Demanda do Graal Dançado, roteirizado por Ariano, até 2004. A segunda, com 11 dançarinos e brincantes, foi de 2004 até 2010, trazendo com um dos espetáculos Brincadeira de Mulato, e a terceira etapa, que foi de 2010 a 2014, trouxe solo, duo e equipes de oito integrantes em apresentações como Castanho sua cor e Terra.
Maria Paula trabalhou na gestão pública de cultura ao longo de cinco anos, o que representou também um intervalo durante esse mesmo período para o Grial. Com seu retorno gradual ao grupo, ela se interessa em retomar leituras de peças antigas e remontá-las em novas apresentações por cidades pernambucanas. "Acho incrível a possibilidade de releitura de peças antigas, até porque acredito na movência das minhas obras. Os intérpretes do Grial estão mais maduros, dançando melhor, mais intensamente, temos novos intérpretes, inclusive a Bruna, uma dançarina/cantora, artista PCD visual. Estou muito feliz com essa nova fase do Grupo Grial. Quanto à nossa nova criação coreográfica: ainda é um segredo (risos). Mas estou absolutamente sem pressa. Acredito ter amadurecido, e o livro é uma constatação do trabalho do tanto de feito. Agora é continuar reverberando novos mundos, com novos intérpretes e apontando novos coreógrafos", conclui.