Cannes começa com manifestos e homenagem Às véspera da abertura, 100 personalidades assinaram o pedido de uma lei abrangente contra a violência sexual no mundo do entretenimento na França

Publicação: 15/05/2024 03:00

O 77º Festival de Cannes estendeu o tapete vermelho para as mulheres ontem, com discursos de reivindicação feminista e uma homenagem emocionante à atriz americana Meryl Streep, contemplada com a Palma de Ouro honorária. “Os encontros profissionais noturnos nos quartos de senhores todo-poderosos acabaram em Cannes”, assegurou Camille Cottin, apresentadora da cerimônia de abertura do evento.

Foi uma alusão direta à principal luta que abala o mundo do cinema desde que o movimento #MeToo começou nos Estados Unidos em 2017, com as denúncias contra o produtor Harvey Weinstein.

Na véspera da abertura, cerca de 100 personalidades, incluindo Isabelle Adjani e Juliette Binoche, assinaram um manifesto pedindo uma lei abrangente contra a violência sexual no mundo do entretenimento na França.

E nove mulheres denunciaram, em uma reportagem publicada pela revista Elle, o produtor Alain Sarde, de 72 anos, a quem acusam de abusos. A opinião pública francesa também está de olho nas acusações contra o ator Gérard Depardieu.

HOMENAGEM
A lendária atriz Meryl Streep recebeu na cerimônia de abertura do festival a Palma de Ouro honorária para imortalizar seu “lugar indelével na história do cinema”. “Você mudou nossa maneira de ver as mulheres no mundo do cinema (...) Nos deu uma nova imagem de nós mesmas”, disse a atriz francesa Juliette Binoche ao entregar o prêmio a Streep.

“The Queen Meryl”, de 74 anos, já acumula todas as distinções possíveis, incluindo o recorde de 21 indicações ao Oscar e três estatuetas. Em Cannes, porém, não aparecia há 35 anos. A Palma recompensa a prolífica carreira, iniciada em 1977 com “Julia”, seguida por “Kramer vs. Kramer”, seu primeiro Oscar (1979).

O segundo veio com “A Escolha de Sofia” (1983), interpretando uma sobrevivente do Holocausto, e o terceiro dando vida à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher em “A Dama de Ferro” (2011). (AFP)