Exposição 'Elas' exalta as mulheres da Fundaj Dos mais de 800 mil documentos e itens preservados pela Fundação ao longo de seus 75 anos, apenas uma pequena parte foi produzida por mulheres

Publicação: 15/08/2024 03:00

Onde estão as mulheres nos acervos da Fundaj? A exposição Elas, que será inaugurada hoje, às 17h, no Museu do Homem do Nordeste, na Avenida 17 de agosto, em Casa Forte, traz essa reflexão e expõe cerca de 300 itens produzidos ou reunidos por mulheres, como vídeos, fotografias, obras de arte, discos e outras peças preservadas pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

Todo o acervo é proveniente de aquisições e doações de entidades e acervos pessoais, em sua maioria sob a guarda do Centro de Estudos da História Brasileira e do Museu do Homem do Nordeste. A mostra vai ampliar a área de exibição do Museu em 450m2², marcando a reabertura do primeiro andar, fechado desde 2008.

A exposição Elas: onde estão as mulheres nos acervos da Fundaj? é um exercício de autocrítica institucional e propõe reflexões sobre o que é ser mulher na sociedade. “A mostra tem significado especial para todas as mulheres e homens do nosso país, de Pernambuco e da Fundação Joaquim Nabuco porque traz um olhar direcionado para toda a riqueza do universo feminino. É uma exposição muito significativa, que narra a história tanto da formação do acervo quanto da própria Fundação”, destaca a presidenta da Fundaj, Márcia Angela Aguiar.

Dos mais de 800 mil documentos e itens preservados pela Fundação ao longo de seus 75 anos e levantados pelos curadores, apenas uma pequena parte foi produzida por mulheres, sem contar que, quando representadas, elas foram fotografadas, pintadas, desenhadas, esculpidas e descritas quase sempre por olhares masculinos. “O próprio nome do Muhne pode ser entendido como uma síntese de práticas institucionais que antecedem sua criação e que, por muito tempo, persistiram. Essas práticas influenciaram a criação de um acervo cultural, histórico e artístico que, consistentemente, priorizou autores homens, notadamente os brancos, em detrimento de autoras mulheres, principalmente as negras”, destaca o coordenador-geral do Muhne, Moacir dos Anjos.