Diversidade em movimento Festival Cena CumpliCidades apresenta, entre amanhã e 5 de outubro, 29 espetáculos de Pernambuco, de sete estados, além de Suíça, Canadá, França e Argentina. Maioria das obras tem protagonismo feminino

Allan Lopes

Publicação: 13/09/2024 03:00

Na terra do Frevo, onde a dança é protagonista, o Festival Cena CumpliCidades celebra 17 anos com uma nova edição que começa amanhã e segue até 5 de outubro. Idealizado como um laboratório de criação e experimentação, o evento convida o público a uma imersão na dança contemporânea, destacando o empoderamento da mulher artista, a descoberta de novas linguagens e a formação de novos talentos e plateias. A programação oferece sessões gratuitas e pagas (R$ 20 meia e R$ 40 inteira), em cinco teatros: Santa Isabel, Parque, Hermilo, Apolo e Luiz Mendonça.

Exceto pelos dias 30 de setembro e 1º e 2 de outubro, serão 19 dias dedicados à dança, com destaque também para o teatro, a música e a performance, que se juntam em 29 espetáculos de Pernambuco, de outros estados e do mundo. “A ideia é trazer uma programação que proporcione uma atualização artística para artistas iniciados e iniciantes, mas, sobretudo, uma atualização estética para o público”, aponta Arnaldo Siqueira, curador do Cena. Além das apresentações, serão realizadas ações de formação, batalhas de hip-hop e mostras de dança para iniciantes

Promovido pela Associação Cultural de Artistas Integrados, o festival tem 23 das 29 obras apresentadas dirigidas, criadas, produzidas ou interpretadas por mulheres. De acordo com Siqueira, o processo curatorial permaneceu alinhado com as principais características do evento. “Isso aconteceu de forma natural para reunir obras representativas dentro do perfil do festival com essa forte representação feminina”.

Os movimentos, com sua linguagem universal, oferecem ao público uma experiência imersiva que transcende barreiras culturais e linguísticas em produções da Suíça, Canadá, França e Argentina. Um destaque internacional é o espetáculo “Bílis Negra”, criado em conjunto pelos bailarinos dos argentinos Teatro Colón e Teatro San Martín. Terá em cena o elenco do Ballet Contemporâneo do Teatro San Martín, uma das maiores companhias de dança contemporânea da atualidade, com 45 anos de história. A maioria das obras nunca se apresentou no Recife.

A internacionalização do festival não freou sua expansão para o interior do estado, cuja representatividade está refletida na presença de produções de Vertentes, Caruaru, Gravatá e Altinho. “Eu, pessoalmente, liguei para vários deles, incentivando-os a participar e enviar seus trabalhos”, declara o curador. Ele também anunciou a inclusão de Garanhuns na programação da próxima edição. “Planejamos algumas apresentações lá, o que deve ampliar ainda mais nossa capilarização no interior”, calcula.

Dois projetos da escola do bailarino Marcelo Pereira, pernambucano radicado na Suíça, chegam através do programa Exchange Dance Program: “Wind on the Skin” e “The Piece of Cake. Outra grande atração é a Cia. Municipal de Dança de João Pessoa, que teve um de seus integrantes, Gabriel Morais, premiado, em de julho, como Melhor Bailarino da 41ª edição do Festival de Dança de Joinville, o mais importante do gênero no país.

Coreografias
Um dos legados significativos da pandemia foi a aproximação do Cena com escolas, estúdios e espaços de formação em dança, essenciais para o desenvolvimento da linguagem da dança. Esse esforço resultou na Mostra de Coreografias Cena, que estreará em colaboração com o Laboratório de Extensão e Ensino de Dança (LEED) da UFPE. O festival fornecerá o palco, a logística para trabalhos técnicos e a divulgação, enquanto as escolas se encarregarão da inscrição de seus alunos e grupos. Este ano, serão mais de 100 apresentações, entre os dias 18 e 22, no Teatro Luiz Mendonça.