Nobel de Literatura quase monocromático
O prestigiado prêmio, criado em 1901, possui apenas quatro escritores negros entre seus laureados, o último deles, Abdulrazak Gurnah, em 2021
Allan Lopes
Publicação: 20/11/2024 03:00
A sul-coreana Han Kang venceu o Nobel de Literatura em 2024, reconhecimento que ganha ainda mais importância para autores não-europeus. Desde que foi criada, em 1901, aproximadamente 70% dos 121 vencedores são do Velho Continente. A desigualdade se torna ainda mais evidente quando se trata da diversidade racial, com apenas quatro laureados negros, sendo a americana Toni Morrison a única mulher.
Antes de Morrison, dois escritores negros haviam conquistado o Nobel. O nigeriano Wole Soyinka foi o primeiro, em 1986, com a fábula O leão e a joia. Soyinka utiliza relatos memorialísticos para abordar o embate entre tradição e modernidade. Seis anos depois, Derek Walcott, poeta da ilha de Santa Lúcia, foi laureado por sua poesia multicultural, destacada pelo épico Omeros, uma recriação caribenha da Odisseia.
Aclamada pela crítica e pelo público, Toni Morrison (1931-2019) tornou-se, em 1993, a primeira mulher negra a conquistar a honraria. Sua obra é marcada pela vivência negra nos Estados Unidos, com foco em protagonistas femininas. Por último, em 2021, Abdulrazak Gurnah, da Tanzânia, foi escolhido “por sua rigorosa e compassiva investigação sobre os efeitos do colonialismo e os destinos dos refugiados na lacuna entre culturas e continentes”, segundo a Academia sueca.
A escritora e jornalista pernambucana Jaqueline Fraga recorda que, em 2020, foi a única negra finalista do Prêmio Jabuti. “Essa falta de representatividade é reflexo de uma sociedade que desde sempre subjuga o papel intelectual da população negra. E no caso das premiações precisamos também observar quem são as pessoas que estão julgando as obras, muitas vezes há uma homogeneidade no quesito raça e gênero dos jurados. Esses espaços também precisam refletir a pluralidade de quem escreve”, comenta.
Antes de Morrison, dois escritores negros haviam conquistado o Nobel. O nigeriano Wole Soyinka foi o primeiro, em 1986, com a fábula O leão e a joia. Soyinka utiliza relatos memorialísticos para abordar o embate entre tradição e modernidade. Seis anos depois, Derek Walcott, poeta da ilha de Santa Lúcia, foi laureado por sua poesia multicultural, destacada pelo épico Omeros, uma recriação caribenha da Odisseia.
Aclamada pela crítica e pelo público, Toni Morrison (1931-2019) tornou-se, em 1993, a primeira mulher negra a conquistar a honraria. Sua obra é marcada pela vivência negra nos Estados Unidos, com foco em protagonistas femininas. Por último, em 2021, Abdulrazak Gurnah, da Tanzânia, foi escolhido “por sua rigorosa e compassiva investigação sobre os efeitos do colonialismo e os destinos dos refugiados na lacuna entre culturas e continentes”, segundo a Academia sueca.
A escritora e jornalista pernambucana Jaqueline Fraga recorda que, em 2020, foi a única negra finalista do Prêmio Jabuti. “Essa falta de representatividade é reflexo de uma sociedade que desde sempre subjuga o papel intelectual da população negra. E no caso das premiações precisamos também observar quem são as pessoas que estão julgando as obras, muitas vezes há uma homogeneidade no quesito raça e gênero dos jurados. Esses espaços também precisam refletir a pluralidade de quem escreve”, comenta.