Luiz Caldas para frevar e misturar
Ícone baiano é um dos convidados especiais do Baile Municipal do Recife, amanhã, onde celebrará o frevo e os 40 anos do axé music, gênero criado por ele
ROBSON GOMES
Giro Blog
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Publicação: 21/02/2025 03:00
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Quando o colorido das fantasias se encontrarem no Classic Hall, amanhã, para celebrar a 59ª edição do Baile Municipal do Recife, a trilha sonora que vai embalar os foliões desta festa será maciçamente composta de frevo, certo? Quase. Seria mais correto dizer "também". Pois entre os convidados especiais que subirão ao palco estará um ícone do carnaval que convidará o público para festejar os 40 anos do axé music, movimento musical de origem baiana do qual ele é o grande pioneiro. Por isso, vale muito a pena abrir alas para a majestade Luiz Caldas.
Mas engana-se quem acha que o clima será de disputa "carnaval do Recife versus carnaval de Salvador". O baiano quer somente celebrar com a plateia pernambucana. "Recife e Salvador realmente vivem essa rixa eterna sobre quem faz o melhor carnaval de rua. Mas prefiro dar um empate nesse momento, porque são dois carnavais maravilhosos e fantásticos", apazigua Caldas em entrevista exclusiva ao Diario. "A verdade é que me sinto muito honrado mesmo de marcar presença em uma festa tão importante para o carnaval recifense, que é o Baile Municipal", completa.
A modéstia com que descreve sua honra de participar desse momento quase deixa passar batido o enorme talento desse multiartista, que há quatro décadas revolucionou a música brasileira com o hit Fricote, considerado o marco zero do axé music, assim como todo o seu álbum Magia (1985). E hoje, em plena atividade, com centenas de canções e sucessos lançados ao longo do tempo, Caldas não se limita apenas a este gênero genuinamente baiano, mas segue explorando outras sonoridades, como rock, forró, samba, MPB e também o frevo.
"No Baile Municipal vou poder mostrar um pouco dessa alegria da música que inventei. Vou comemorar junto com o público, com minha querida Elba Ramalho, com Duda Beat, Maestro Spok e tantos outros colegas maravilhosos. Vai ser uma festa linda", promete o cantor e compositor, dono de músicas arrasa-quarteirão e atemporais como Haja Amor, Ajayô e Tieta, em execução nas tardes da Globo, na reprise da clássica novela estrelada por Betty Faria em 1989.
Prometendo cerca de sete horas de muita festa, o baile começa a partir das 21h. Luiz Caldas fará parte do terceiro show da noite, que será composto pela orquestra de Spok recebendo nomes como Duda Beat, Almério, Flaira Ferro, Isadora Melo, Nena Queiroga, Gerlane Lops, Joyce Alane e Gustavo Travassos, além dos homenageados do Carnaval do Recife 2025, Marron Brasileiro e Elba Ramalho. E é com Elba no palco que este ícone baiano será reverenciado pelos pernambucanos.
Como um virtuosi da música que é, perguntamos a Caldas se ele tem algum frevo favorito. Sua resposta foi imediata: "Existe um frevo que sou vidrado e acho lindo... Na verdade, são muitos frevos lindos, mas eu destacaria Duda no Frevo, de Senô (Senival Bezerra do Nascimento), que é maravilhoso. Toquei muito esse frevo na época que fazia bailes. Eu tocava guitarra e solava a música neste instrumento. Era muito divertido", recorda ele, mencionando este clássico do frevo de rua, composto na década de 1970. O baiano também já gravou o frevo Bahia Maria, em 1989, no projeto Asas da América, do saudoso Carlos Fernando, que trazia renovações do gênero, com grandes nomes da música brasileira.
O Baile Municipal, que ainda receberá ao longo da noite shows repletos de convidados da Orquestra Popular do Recife e da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, promete ser um palco, acima de tudo, da música pra pular brasileira, e Luiz Caldas será um "plus" desta grande festa. "O axé não é um gênero musical, é uma forma de fazer música que amalgama tudo. É como um grande liquidificador em que as frutas são ritmos. Um mamão é um reggae, um abacate é um baião, a uva é um samba... E você vai jogando um pouquinho de cada, bate tudo e dá um suco legal", esmiuça, disposto a fazer deste palco pernambucano uma grande salada de sons e alegria.