Mundo Livre S/A celebra o álbum Livre Iniciativa Disco lançado em 1994 é um dos marcos principais do Mangue Beat e será inteiramente tocado no show que a banda realiza logo mais, no Clássicos do Brasil

Allan Lopes

Publicação: 11/04/2025 03:00

O grupo liderado por Fred Zeroquatro é uma das atrações da noite dedicada ao rock (TIAGO CALAZANS / DIVULGAÇÃO)
O grupo liderado por Fred Zeroquatro é uma das atrações da noite dedicada ao rock

O cenário cultural de Pernambuco no início dos anos 1990 tornou-se terreno fértil para explorar o inexplorado, tocar o intocado e misturar o nunca antes misturado. Foi nesse caldo efervescente que brotou o Mangue Beat. E da mente visionária de Fred Zeroquatro, um dos pilares do movimento, surgiria o célebre Samba Esquema Noise, álbum de estreia da Mundo Livre S/A, de 1994. A banda festeja os 30 anos de lançamento (na verdade já são 31) no show que apresenta hoje no festival Clássicos do Brasil, no Classic Hall, dividindo o palco com Charlie Brown Jr., Marcelo Falcão e Raimundos.

E era exatamente com a Raimundos que Samba Esquema Noise compartilhava a vocação para a ruptura. Mas o álbum da Mundo Livre S/A ia além: ao parafrasear o título do clássico Samba Esquema Novo (1963), do então Jorge Ben, Fred Zeroquatro propunha uma atualização radical para a geração anos 1990, com rock, punk, samba, ska e música pop, além das presenças de Naná Vasconcelos, Nando Reis, Nasi e até Malu Mader.

Em conversa exclusiva com o Viver, o vocalista revela como transformou sua obsessão por discos raros - garimpando Cartola, Nelson Cavaquinho e Moreira da Silva em sebos e feiras de vinil - em matéria-prima para sua revolução musical. "A ideia sempre foi um pós-punk com viés de pesquisa, misturando o rico legado da tradição do samba com a parabólica apontada para as tendências mais visionárias do pop da época", conta.

Além do show celebrativo, que já arrebatou plateias em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o álbum ganhou uma edição especial em vinil pela Noize Record Club. Para Fred, as casas lotadas e o sucesso do relançamento não deixam dúvidas sobre o caráter atemporal de Samba Esquema Noise. "É uma chance de revisitar o disco que, no fim das contas, era maior do que a época em que saiu", afirma. "O público jovem vai perceber que muito do que se faz hoje na música brasileira tem suas raízes ali, naquelas experimentações de 30 anos atrás". E quem há de duvidar?