Aprendizes da cultura japonesa Valores das artes marciais podem trazer benefícios para o ambiente de trabalho, como o respeito aos colegas e objetivos coletivos

Do Correio Braziliense

Publicação: 13/07/2014 03:00

Autocontrole, concentração e estratégia. Esses são alguns dos ensinamentos que a filosofia samurai pode oferecer ao mundo corporativo. Seguindo o método KIR, sigla para Recuperação Intensiva pela Espada (Ken Intensive Recuperation, em inglês), profissionais buscam aulas de lutas marciais e instruções da cultura japonesa para método de preparação para os desafios diários nas empresas.

A metodologia foi desenvolvida há 20 anos pelo médico e sensei Jorge Kishikawa, a partir da sua experiência com mestres japoneses. Segundo ele, o conhecimento de técnicas ligadas à espada é parte do cotidiano dos executivos no Japão. Para difundir seus conhecimentos, ele fundou o Instituto Cultural Niten. O objetivo da instituição é transmitir os valores do código de ética samurai, também chamado de Bushido, por meio de três lutas: kendo (ou kenjutsu), iaijutsu e jojutsu.

O kendo (caminho da espada, em japonês) é uma arte de combate. Praticada com equipamentos de proteção e espadas de bambu, a técnica ensina a pensar de maneira estratégica. O iaijutsu é voltado para o momento de desembainhar a espada de metal japonesa. Essa modalidade envolve concentração, precisão e serenidade. Já o jojutsu é praticado com o jô, bastão de madeira de 1,28m, e é conhecido como “a arte da paz”.
Os praticantes dessa luta buscam o equilíbrio e o autodomínio.

De acordo com Kishikawa, a ideia é levar os ensinamentos dos combates para os negócios. “Apoio mútuo, respeito ao líder e aos colegas, autoconfiança, capacidade de improvisar e coragem ao confrontar o perigo são qualidades exigidas dos samurais de outrora, mas que também se tornam necessárias para os executivos de uma empresa e servem para ajudar o indivíduo a superar as batalhas do dia a dia com energia, firmeza e serenidade”, afirma. Entretanto, Kishikawa ressalta que os valores aprendidos devem ser praticados no convívio pessoal para trazer resultados. “Treinar é buscar o aprimoramento, lapidar sua técnica e seu espírito. A busca pela perfeição vai além da espada”, diz.

Ensinamentos
O servidor público Luiz Flávio Bhering, 59 anos, é praticante do método há quase uma década. Ele se sentiu atraído desde jovem pela filosofia oriental e, quando era mais novo, chegou a praticar judô por um tempo, mas só passou a se dedicar mais às lutas quando conheceu os ensinamentos samurais.

Bhering acha que aprendeu a ter mais foco e a ser mais transparente com o aprendizado da doutrina japonesa. “A cultura samurai ensina o respeito aos mais velhos e aos que estão hierarquicamente superiores. No trabalho, isso me fez ter mais lealdade com a minha chefia. Além disso, tenho mais força e disciplina para enfrentar a jornada diária”, garante.