Educar para o país crescer
Escolas públicas e
instituições de ensino
superior não estão preparando para o
primeiro emprego e
travam crescimento,
acreditam brasileiros
Do Correio Braziliense
Publicação: 25/01/2015 03:00
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Ana Maria procurou um curso técnico em eletrotécnica para conseguir ingressar no mercado de trabalho |
Os entrevistados consideram português e matemática as disciplinas mais importantes e acreditam que as escolas têm falhado no ensino desses conteúdos.
Renato Pimentel, diretor do Instituto de Pós-Graduação (Ipog) em Brasília, concorda com a pesquisa da CNI. “Os jovens não aprendem o necessário para começar a trabalhar, e mais anos dentro da escola não garantem um bom aprendizado”, pondera.
Os resultados negativos vão além da educação básica. Depois da formatura, os universitários são julgados como pouco preparados ou despreparados por 31% dos entrevistados, e como razoavelmente preparados por 42% dos participantes da pesquisa. Para Márcio Guerra, gerente de Estudos e Prospectiva da CNI, é necessário que o ensino superior seja a última etapa de uma formação iniciada no jardim de infância, que englobe conhecimentos básicos, profissionais e comportamentais.
Graduação
“A graduação ainda apresenta componentes muito abstratos em relação à demanda empresarial, além de ter que suprir a deficiência herdada do ensino básico. A indústria necessita de uma formação voltada para a realidade. O aluno pode ser bom em química e física, mas não aprende na escola que as reações podem se desdobrar em produtos importantes para a indústria de fabricação de plástico, por exemplo”, observa Márcio Guerra.
Para 80% dos entrevistados, mais anos de estudo levam a um nível maior de renda pessoal. Apesar de o brasileiro associar os melhores salários aos mais altos graus de instrução, Márcio Guerra explica que não há garantia de empregabilidade. “Conforme a oferta de empregos aumenta, nota-se a abertura de vagas migrando para o nível técnico. As oportunidades para cargos de chefia são menores.”
Quase 90% dos entrevistados defendem a oferta do ensino médio associada a um curso profissionalizante. Ana Maria Lopes, 23 anos, estudou a vida inteira em escola pública e encontrou no curso técnico em eletrotécnica uma oportunidade de colocação profissional e de contribuir com a renda familiar. “Até penso em fazer faculdade, mas entrei no curso técnico para conseguir emprego e pagar o curso com meu dinheiro.” Segundo Ana Maria, o ensino básico não a ajudou a entrar no mercado de trabalho. “As matérias da escola não servem para quase nada na rotina”, diz.