Repensar para decorar Os recursos naturais são escassos, mas é possível minimizar os danos. Usar de forma consciente é uma alternativa

Gabriela Bento
Especial para o Diario
gabriela.bento@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 17/02/2018 03:00

Em qualquer ação que fizermos na natureza, por menor que seja, o meio ambiente vai sentir o impacto. É urgente repensar as formas de construir e também decorar: é possível utilizar a luz natural em alguns ambientes, usar peças recicladas, dar novas funções a algo que esteja esquecido ou até mesmo reformar móveis que você já tenha. E ainda há a possibilidade de você fazer a sua própria mobília: o estilo Do It Yourself, expressão que vem do inglês e que significa “faça você mesmo”, é uma famosa prática de construção, modificação ou reparação de coisas feita pela própria pessoa, sem auxílio de especialistas.

Na Casa Cor de 2017, as arquitetas Adriana Porto e Luciana Neves, da Portoneves Arquitetura, tiveram o desafio de combinar a redução do impacto ambiental à eficácia dos materiais e técnicas utilizadas no projeto. “Nós fomos convidadas para fazer a Casa Sustentável. Fizemos várias pesquisas e encontramos um parceiro que trabalha com soluções construtivas de menor impacto ambiental, a Akamay Engenharia”, explica  Adriana. A partir desse projeto, surgiram novas propostas. “Fizemos o projeto de três áreas de apoio as Unidades de Conservação da Natureza. Uma em Bonito, outra em Bezerros e em Caruaru. Além dessas, assumimos o projeto de uma casa na Praia do Xaréu que tem como conceito utilizar tecnologias construtivas de menor impacto ao meio ambiente”, conta.

Novos moldes para a arquitetura contemporânea têm sido pensados, pois o conceito de sustentabilidade é cada vez mais procurado à medida em que as pessoas e o mercado tornam-se mais conscientes sobre os sinais de esgotamento do nosso ecossistema. Para Adriana Porto, o movimento ainda esbarra no valor final. “É uma tendência e a sociedade está em processo de conscientização, porém as tecnologias ainda são mais caras quando comparadas com as soluções tradicionais”, conta. Embora pareça mais dispendioso, em visão de curto prazo, não é impraticável. “Ao longo do tempo isso vai se pagando. Você causará menos impacto e, se usar a luz natural, por exemplo, terá uma redução na conta de energia”, garante.

Em uma casa, o dono vive em busca de novas aquisições para compor a decoração, já que o lar vai mudando internamente. Muitas vezes o desejo é deixado de lado por requerer altos investimentos. Mas nem todas as alternativas são caras: você não precisa deixar a ideia passar se considerar aquele móvel que está esquecido e tentar reformá-lo.

O fotógrafo e publicitário Rodrigo Pessoa observou a tendência do “faça você mesmo” no segundo semestre de 2013 e resolveu empreender com esse conceito criando a loja Seu Mundico. “A escolha por um trabalho mais sustentável aconteceu de forma natural. Em casa sempre reciclei o lixo e reaproveito várias coisas, então, no trabalho, não poderia ser diferente”, comenta Rodrigo. Todo o processo das peças é pensado. “As madeiras que trabalhamos são de reflorestamento ou de demolição, inclusive as dos quadros. As tintas são à base de água, por exemplo”, explica.

Ressignificar uma peça não é uma missão impossível. O motoboy Cristienio Barbasa passou por uma loja e viu alguns móveis de paletes e resolveu tentar também. “Eu fotografei e pensei: vou fazer. A empresa que eu trabalhava estava jogando paletes fora, eu peguei e fiz”. Agora, Cristienio não pretende mais parar por aí, ele tem mais um projeto. “Quero fazer uma prateleira para organizar a minha horta”, conta.