No mundo dos lápis e pincéis Além de ser divertido, o contato com atividades artísticas ainda na infância proporciona a socialização, a autoconfiança e a capacidade de expressão das crianças

Marcela Assis
Especial para o Diario
edviver.pe@dabr.com.br

Publicação: 03/09/2016 03:00

Ao guiar os movimentos de um pincel, nossas mãos podem dar cor e contornos à imaginação. Seja em papel branco ou tela de madeira, o exercício da pintura permite o desenvolvimento da criatividade e coordenação motora. Na infância, a atividade garante contato com a arte, maior percepção das formas, capacidade de expressão e relaxamento. Uma folha vazia é porta aberta para novos aprendizados.

Sophia Maia, de 10 anos, lançará livro com os próprios desenhos (Rafael Martins/DP)
Sophia Maia, de 10 anos, lançará livro com os próprios desenhos
Aos três anos de idade, Sophia Maia descobriu afinidade pela pintura e passou a exercitar formas de comunicação até então desconhecidas. Enquanto acompanhava a mãe em aulas de pintura, a menina ficava atenta à forma como o professor deslizava tintas coloridas sobre um painel. Bastou pouco tempo para a pequena artista começar a fazer o mesmo em papéis encontrados pelas gavetas da casa onde vive. Hoje, aos 10 anos, a estudante serve de inspiração para os amigos: “Quando os meus amigos me veem desenhando alguma coisa, sempre dizem ‘Que lindo, Sophia’ e ‘Me ensina a desenhar’. Às vezes, fico toda sem graça, mas agradeço muito”, conta a pernambucana, que apesar da pouca idade nutre admiração por artistas clássicos como Frida Kahlo e Vincent van Gogh.

Por causa da pintura, Sophia foi convidada para participar da 24º Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Neste sábado, ela estará entre os palestrantes do bate-papo Penso que poderia estar no lugar deles e vai lançar o livro Imaginário: A arte solidária de Sophia. A obra é uma coleção de desenhos feitos em compadecimento pela situação dos refugiados sírios. O material será vendido no local e a verba revertida para a ONG Adus (Instituto de Reintegração do Refugiado - Brasil). “As expectativas são as melhores”, comenta a autora mirim.

Para a arte-educadora Auvaneide Carvalho, o contato com a pintura permite maior socialização e autoconfiança. “Já tive contato com crianças de 4 anos que disseram ‘Não sei pintar’. Eu percebia que elas ficavam tristes por não conseguirem. Depois, nós trabalhamos técnicas com tintas misturadas com água até elas se acostumarem com a textura. Além da autoestima, a pintura exercita a imaginação e transporta a criança para vários lugares. A arte também consegue melhorar o diálogo, já que aumenta o vínculo entre a criança e a família, por exemplo. Tem benefícios para ambos os lados”, destaca.

 (Silvino/DP)
Técnicas de pintura  

Com papel crepom
Corte em vários pedaços o papel crepom da cor desejada. Depois, mergulhe em um copo com a água e pressione em folha branca. Para um melhor resultado, escolha cores escuras.

Com esponja
Pegue vários pedaços de esponja e molhe em tintas de cores difentes. Assim, você dispensa o uso do pincel e consegue um resultado bem legal e diferente.

Com giz de cera
Faça vários desenhos com giz em uma folha branca. Em seguida, passe tinta guache com uma cor forte por todo o papel. O desenho aparecerá na pintura. Caso não tenha o giz, você pode usar uma vela.

Para cantar

Aquarela (Toquinho)

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva,
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva.

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul,
Vou com ela, viajando, Havai, Pequim ou Istambul.
Pinto um barco a vela branco, navegando, é tanto céu e mar num beijo azul.

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená.
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar.
Basta imaginar e ele está partindo, sereno, indo,
E se a gente quiser ele vai pousar.

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida.
De uma América a outra consigo passar num segundo,
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo.

Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está.
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar,
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar.
Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar.

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá.
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar.
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.