Essa história cabe no gibi
Com histórias que vão do cotidiano à fantasia do mundo dos super-heróis, revistas em quadrinhos são a porta de entrada para o hábito da leitura
Barbara Valdez
Especial para o Diario
edviver@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 01/04/2017 03:00
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Isabel, João, Israel e Victoria: hábito de consumir os quadrinhos vivido em família |
Coloridas ou em preto e branco, com diálogos curtos, diretos e histórias fáceis de compreender. As revistas em quadrinhos são fonte de diversão para qualquer idade e conseguem narrar de forma simples e bem atraente o que acontece com heróis, vilões e outros personagens da ficção. Ao combinar texto e imagem, as HQs (ou gibis) se tornam uma forma envolvente de desenvolver o hábito da leitura e estimular a criatividade.
Arthur de Oliveira tem 10 anos e começou a se interessar pela leitura por conta de personagens como Wolverine e Justiceiro. No começo, sem saber ler, se contentava com as imagens. “Quando era menor e não entendia as palavras, eu tentava compreender as histórias nos desenhos”, diz. O gosto é cultivado pelo colega João Matos, 4 anos.
O fascínio pelas imagens estimula o hábito da leitura, diz o especialista em línguas Clécio Bunzen. “Não é preciso saber ler para se sentir leitor. A compreensão da linguagem visual já desenvolve o sentido do que é uma narrativa”, diz. Para ele, a construção com diálogos ajuda a entender a gramática, principalmente nos sinais de pontuação e onomatopeias (quando os sons são descritos).
Outro benefício é dar espaço para personagens diferentes. “O Cebolinha, por exemplo, troca nas palavras o ‘r’ pelo ‘l’, mas isso ajuda a criar um debate em sala de aula sobre diversidade e uso da língua”, diz o professor. A identificação também importa. “Gosto da Magali, pois acho divertida e ela gosta de comer, assim como eu”, diz Victória Matos, de 12 anos.
A mistura de diversão e aprendizado atrai. Israel Rabelo começou a ler aos 6 anos. Hoje, aos 14, tem coleção de revistas da Marvel. A irmã, Isabel, 9, segue o caminho. “Gosto mais de ler gibis do que livros de contos de fadas”.