Dinheiro para quê? Receber ou não mesada e a relação com a moeda são assuntos muito importantes para a criançada conversar com os pais

Emilia Prado
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Publicação: 19/08/2017 03:00

Bela Fernandes tem 8 anos e começou a pedir mesada aos pais há alguns meses. O que despertou na garota essa atitude foi o fato de irmã, Rafaela, hoje com 13 anos, já receber uma quantia mensal. “Eu pedi porque sempre via Rafa ganhando um dinheiro só dela e queria também”, conta. A irmã mais velha começou a receber dinheiro quando tinha a mesma idade da caçula e hoje ganha o dobro do valor da irmã, por conta da diferença de idade. As meninas explicam que são livres para administrarem a quantia da forma que preferirem, mas têm consciência de que não é interessante gastar tudo de uma vez. “Algumas vezes já gastei tudo, mas gosto de guardar também. Quando quero algum brinquedo mais caro eu sei que se juntar umas partes por alguns meses consigo comprar”, explica Bela.

Na casa dos irmãos João Pedro, de 5 anos, e Mariana, 8 anos, a mesada entrou na rotina de outra forma. Os dois começaram a receber dinheiro dos pais no mesmo momento, há um ano, mas quem fez o pedido foi a irmã mais velha. Para buscar orientação, a mãe, Andrea, procurou na internet os tipos de mesada que poderia introduzir na vida dos filhos. O sistema escolhido também é de um valor que aumenta de acordo com a idade da criança, mas, neste caso, a frequência é por semana. Mariana lembra de outro detalhe importante do acordo entre a família: “Para receber a mesadinha todo sábado temos que fazer sempre as tarefas de casa, por a mesa e não bagunçar nossas coisas”, afirma. Os dois têm costume de economizar. No seu aniversário de 8 anos, Mariana queria muito um celular, então juntou cada centavo da quantia que recebia. No mês da comemoração, com a ajuda de avós, tios e tias, conseguiu comprar o que tanto desejava.

A educadora financeira Carolina Buarque reforça que não existe apenas um jeito certo de receber e gastar a mesada, mas ela deve estar sempre de acordo com a situação financeira da família. “A mesada é importante para aprender a lidar com o dinheiro, a economizar e consumir os produtos”. Para ela, ter um sonho não é apenas desejar algo, mas pensar como podemos conseguir o desejado e seguir estratégias para realizá-lo. A economia pode ser um bom começo.

Para ler
O Diarinho selecionou livros com histórias sobre o valor do dinheiro e a forma mais adequada de usá-lo:

Dinheiro compra tudo?
Não, é a resposta necessária. Mas é bom entender a razão. Livro da educadora Cássia D’Aquino para o filho Pedro vai até a época das cavernas, quando o dinheiro nem existia, para contar como ele surgiu.

Como se fosse dinheiro
No livro de Ruth Rocha, o Catapimba imagina como “comprar um lanche com uma galinha, um bode ou um elefante”. A ideia é mostrar como o dinheiro facilita as trocas do dia a dia.

Zequinha e a porquinha da poupança
Álvaro Modernell cria história de um menino interessado em um cavalo, mas sem dinheiro. A sugestão do pai dele, Seu Zeca, foi poupar para realizar o sonho.

Crise financeira na floresta
A escritora Ana Paula Hornos faz uma versão diferente da fábula A cigarra e a formiga para ensinar economia. Um macaco cria um banco para emprestar as folhas - mas só para quem é bom pagador.