Se eu pegar no sono... Dormir com os pais ou sozinho? É bom encarar o medo do escuro? E ver TV até tarde? Crianças dizem como aprenderam a cuidar do próprio repouso e especialista dá dicas para garantir o descanso noturno

Emília Prado
Especial para o Diario

Publicação: 16/09/2017 03:00

A hora de dormir nem sempre é um momento bom. Para alguns, é o próprio pesadelo. Ficar sozinho e no escuro é um medo frequente que estraga o sono. Ter uma companhia, irmão ou irmã no mesmo quarto, pode deixar tudo mais fácil. Priscila Leite, dez anos, dormiu no mesmo quarto que o irmão até os quatro. Quando a família se mudou e cada um ganhou o próprio quarto, ela demorou um pouco para se acostumar: “Comecei a dormir com meus pais na casa nova. Meu irmão dorme muito rápido e eu não gostava de ficar acordada sozinha no escuro”. Quando completou nove anos, os pais de Priscila a orientaram a dormir sozinha e só acordar alguém se não estivesse conseguindo. “Eu ganhei um abajur que uso até hoje. Consigo ficar sozinha porque, com ele aceso, o quarto não fica tão escuro”, conta a garota.

Laura de Andrade, de nove anos, é filha única e dorme sozinha no quarto desde pequena, quando tinha três anos. A luz também não é totalmente apagada. “Sempre deixo uma luz mais fraquinha acesa no quarto ou a lâmpada do banheiro”, revela Laura. A garota só procura os pais de madrugada quando está com medo de alguma coisa que viu ou ouviu durante o dia, mas, se acorda no meio da noite, consegue dormir sozinha novamente. Quando está perto da hora de deitar, costuma tomar um copo de leite e já fica em repouso.

A psicóloga Maria Eduarda Torres aconselha a fazer atividades noturnas tranquilas, assim o corpo relaxa e se prepara para o sono. Tomar leite, ler uma história, evitar muito tempo na frente da televisão são dicas para uma boa noite de descanso. “Dormir no próprio quarto é importante para entender que cada um tem o seu espaço na casa”, ela alerta. “Mas cada família deve observar e decidir o que funciona melhor”.

Os pais de Miguel Alves, seis anos, trabalham o dia todo e chegam em casa tarde, quando ele já está até de pijama. A família passa boa parte do resto da noite na cama do casal, brincando e conversando. “Normalmente ele fica com a gente até dormir, depois eu o levo para a cama dele”, explica Eduardo Douglas, pai do garoto. Miguel conta que, se acorda no meio da noite, prefere voltar para o quarto dos pais: “Tento deitar na cama escondido, mas, às vezes, o meu pai ou minha mãe acordam, me levam para o meu quarto e ficam comigo até eu dormir de novo”.

A psicóloga afirma que o perigo são os excessos. “Algumas pessoas podem adormecer mais rápido assistindo a um filme ou desenho, quando deitam perto dos pais ou quando o quarto está um pouco mais claro. Não tem problema. Devemos tomar cuidado para que essas coisas não se tornem necessárias ou prolongadas, no caso de assistir à TV. A luminosidade forte pode prejudicar o sono”, explica Maria Eduarda.