Doação é tradicional também entre judeus e muçulmanos

Publicação: 29/07/2017 03:00

O conceito de dízimo como conhecemos atualmente advém da religião judaico-cristã. No entanto, em outras religiões, ele é tratado como uma contribuição voltada para a caridade. No islamismo há a instituição da Zakat, termo árabe que significa “purificação”. “É obrigatória a todo muçulmano, sem estipulação de percentual, destinada ao auxílio dos muçulmanos mais pobres. Por isso a Zakat não é utilizada para a construção de mesquitas, custeadas por doações específicas para este fim”, explica o mestre e doutorando em ciência da religião da Universidade Católica de Pernambuco, Rafael Vilaça.

Semelhante aos muçulmanos, os judeus também possuem uma contribuição específica, além do dízimo, chamada Tzedakah (Justiça de Deus). “É uma forma de garantir que nenhum irmão judeu passe necessidade”, ressalta. Em outras religiões, como o sikhismo, na Índia, o dízimo também aparece sob o nome de Daswandh, uma doação feita “em nome de Deus”

Sua origem é mais remota. Vem da antiguidade, com a tributação destinada à manutenção dos templos no Egito, Suméria, Grécia e até em Roma. “Qualquer produto poderia servir de tributo, desde os bens da colheita até o ouro”, diz Rafael. Segundo ele, para esta mesma finalidade, o dízimo foi instituído no culto judaíco de forma que mantivesse a casta sacerdotal e o funcionamento do templo em Jerusalém.

Sob uma perspectiva mítica e teológica, é possível dizer que o dízimo era visto como uma espécie de sacrifício à divindade, voltado para o sucesso na agricultura, garantindo assim, o sustento das famílias. “Dentre as explicações sobre dar “a décima parte de algo”, está a praticidade em dividir tais bens por dez, uma vez que usamos o sistema decimal”, conclui.