O Sepulcro do santo dos santos Basílica onde seis religiões cristãs dizem que Jesus Cristo foi crucificado e sepultado fica em Jerusalém, Israel

Alice de Souza
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Publicação: 16/06/2018 03:00

Dentre todos os lugares que recontam a história de Jesus na Terra Santa, o Santo Sepulcro é o mais concorrido, polêmico e envolto em mistérios. O local onde seis religiões cristãs dizem que Jesus Cristo foi crucificado e sepultado está localizado entre os quarteirões muçulmano e cristão, na cidade antiga de Jerusalém, em Israel. É uma basílica discreta e que pouco se assemelha aos templos cristãos ocidentais. É a expressão máxima das conexões e desconexões entre as religiões monoteístas mais importantes do mundo.

A basílica do Santo Sepulcro é proveniente de um edifício fundado pelo imperador romano Constantino, no ano de 335. Constantino, convertido ao catolicismo, mandou erguer o monumento depois que sua mãe, Helena, teria encontrado vestígios do que seria o local original do calvário de Jesus Cristo. Dentro da basílica estão cinco das 14 estações da Via Crúcis e também três dos mais importantes símbolos do cristianismo: a pedra da unção, a tumba de Jesus e o altar da crucificação.

Para chegar lá é preciso percorrer as ruas estreitas e labirínticas de Jerusalém Antiga. Exceto pela multidão que segue o mesmo caminho, fica difícil distingui-la diante da uniforme paisagem bege das pedras calcárias naturais que predominam nas construções. A entrada só é possível por uma única porta, que curiosamente é comandada pelas famílias muçulmanas Judeh e Nuseibeh.

Todos os dias, em uma tradição passada de pais para filhos, os responsáveis abrem e fecham a entrada da basílica. A forma neutra encontrada de amenizar as disputas entre as denominações cristãs responsáveis pelo Santo Sepulcro, onde impera o Status Quo – conjunto de regras e tradições que regem as atividades realizadas lá dentro. “É um acordo firmado no final do império turco-otomano, em função das brigas constantes que existiam. Ele delimita espaços e prevê momentos de cultos de cada igreja”, explica o frei Rogério Lopes, guardião do convento de São Francisco, em Olinda, e ex-missionário, por um ano, na Terra Santa.

Isso acontece porque seis religiões estão aptas a usar o espaço. Gregos ortodoxos, responsáveis pelo Calvário; Católicos, que cuidam da capela dos francos; Sírios Ortodoxos, cujas celebrações ocorrem na capela de José de Arimateia e Nicodemo; Armênios, detentores edícula do sepulcro; Etíopes, que vivem em habitações no teto da capela de Santa Helena; e os Coptas, cujo espaço é uma capela ao lado do lugar da crucificação.

Curiosidade
Existe uma divergência religiosa sobre o local exato da morte de Jesus. Para os evangélicos, o verdadeiro ponto onde o fato aconteceu seria a Tumba do Jardim, descoberta em 1867. A ideia começou a ser difundida pelo general Charles Gordon, durante visita à Terra Santa. Para ele, em versão assumida pelos evangélicos, esse seria o local que, segundo as descrições bíblicas, corresponderia de maneira mais fiel ao acontecido.

Um lugar sagrado e disputado
A basílica do Santo Sepulcro é proveniente de um edifício inaugurado pelo imperador Constantino, no ano de 335, durante um período de transição entre o decadente Império Romano do Ocidente e a emergente parte oriental, fundada pelo ditador

Pedra da Unção
Logo ao entrar na basílica do Santo Sepulcro, o visitante custa a entender por que há tantas pessoas abaixadas. Ao se aproximar, é possível se dar conta de que são fiéis diante da Pedra da Unção. Com cerca de três metros de comprimento, a pedra fria e rosada é o local em que os visitantes podem passar mais tempo, dentre os mais simbólicos dos momentos finais de Jesus. Não precisa enfrentar fila, basta apenas encontrar um espaço para se ajoelhar. Foi sobre a pedra da unção que o corpo de Jesus teria sido colocado depois de retirado da cruz e envolto em lençóis. Até hoje, a pedra é ungida com azeite e perfumes.

Altar da Crucificação
Um dos pontos mais misteriosos dentro da basílica do Santo Sepulcro e o mais decorado deles, o altar da crucificação fica próximo à pedra da unção, porém na parte superior. Para acessá-lo, é necessário subir as escadarias que levam ao local exato do calvário. Lá, a multidão se espreme em um corredor de luz baixa para ficar diante de um círculo de prata, onde teria sido fincada a cruz. É possível ver uma parte da rocha que seria original da época do acontecido, com uma fenda atribuída ao momento do terremoto provocado pela morte de Cristo.

História

Conheças as religiões que ocupam a Basílica do Santo Sepulcro

Coptas
Remonta à tradição de Alexandria e tem origem no Egito. Chegou à Palestina no século IV. Seus monges vivem no monastério de Santo Antônio, ao lado do Santo Sepulcro.

Católicos franciscanos
Os franciscanos têm o dever de custodiar, na Terra Santa, os lugares consagrados pela presença de Jesus. Uma missão dada pela Santa Sé desde 1342, em memória à visita de São Francisco ao sultão do Egito, em 1219.

Gregos
Conjunto de igrejas independentes unidas pela doutrina, incluindo os quatro antigos patriarcados da ortodoxia. A presença das letra OT indica na basílica do Santo Sepulcro os lugares marcados pela presença grega.

Armênios
Pertence ao grupo das três igrejas cristãs antigas orientais provenientes da tradição síria, armena e de alexandria, denominadas assim pela antiguidade dos seus ritos com características étnica e nacionais.

Etíopes
Os etíopes representam o primeiro país cristão da África e tem a característica de haver conservado o uso de antigos testamentários, como a circuncisão e normas levíticas de alimentação.

Sírios
Os sírios ortodoxos são os primeiros herdeiros da antiga igreja judeu-cristã e atualmente representam os cristãos de idioma siríaco difundidos em países do Oriente Médio. Usam o siríaco como idioma litúrgico.

Fonte: http://santosepulcro.custodia.org/