Ordenação adiada por três vezes

Publicação: 09/06/2018 03:00

Homenagens ao padre Romeu são em vida. Algumas em placas. Na entrada da matriz da Paróquia da Torre, ambas dedicadas à Virgem do Rosário, há seis dessas peças. Na mais antiga, a homenagem ao “Jubileu de prata sacerdotal do Cônego Romeu Gusmão da Fonte”. Era 20 de junho de 1979, portanto, 25 anos após a ordenação, ocorrida na Capela de Nossa Senhora das Graças, no Seminário de Olinda.

Ordenar-se não foi fácil. A cerimônia foi três vezes adiada. Nas três, Romeu, que entrou no seminário aos 11 anos, sofria de crises renais. Com os adiamentos, sentiu-se indigno do sacerdócio. Disse ao reitor do seminário, onde estudava, que Deus não queria que fosse padre. Levou uma lição: “Não fostes tu que escolheste ser padre, mas a Igreja que te escolheu. Levanta-te”. Na data da ordenação, recorda-se, os pais e os 14 irmãos vivos estavam na capela. Mulheres de um lado, homens do outro.

O pai de Romeu, Eugênio Cardoso da Fonte, era um dos mais emocionados na ordenação. A cerimônia era o desfecho de um processo iniciado em Barra de Sirinhaém, em Sirinhaém, onde Romeu, ainda menino, prestes a concluir a primeira etapa do ensino fundamental, disse ao pai que desejava seguir a vida religiosa. O pai se desdobrou para montar o enxoval do garoto, aceito no Seminário de Olinda.

Adulto, o padre da Torre descobriu o que para alguns seria predestinação. A mãe estava grávida de Romeu quando o vigário da Várzea afirmou que ela teria um menino e o menino seria padre. Por coincidências da vida, lembra o vigário da Torre, a segunda missa que celebrou, em 21 de junho de 1954, foi no quarto de padre Pedro, o que previu o destino de padre Romeu. Em quase 60 anos de sacerdócio, este atuou nas paróquias de Afogados, no Recife, e Paudalho, na Mata Norte.

De Paudalho, em 1956, foi transferido para a Torre, onde se tornou padre inamovível. Pelo reconhecimento aos serviços eclesiásticos, recebeu do papa João Paulo II, em 2005, o título de monsenhor.