Sob os cuidados da família Imóveis devem ser adaptados para o serviço de home care. Mudança auxilia na recuperação do paciente

Wagner Souza
Especial para o Diario
wagner.antonio@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 16/02/2017 09:00

Família teve que mudar de endereço para ajudar na recuperação de Lucas Lyra (Paulo Paiva/DP)
Família teve que mudar de endereço para ajudar na recuperação de Lucas Lyra

Sempre será uma tarefa difícil enfrentar a rotina de corredores compridos e janelas sempre lacradas da ala de internação para quem está hospitalizado. A situação melhora um pouco quando o paciente passa a receber o tratamento médico em casa, por meio do serviço de home care (assistência domiciliar). Sua função é a de prestar assistência à pessoa adoentada em sua própria residência, levando até ela condições de atendimento e recursos para a melhor evolução possível do seu quadro clínico, dentro dos limites impostos pela doença e dentro de um caráter técnico-científico. No entanto, o lar precisa estar preparado para receber o enfermo.

A primeira ação a tomar quando a família decide cuidar de um ente querido em casa é a adequação do espaço físico. “Quando o imóvel é grande e espaçoso, o ideal é definir um cômodo extra para para abrigar o doente. Nos mais compactos, a melhor solução é utilizar o próprio quarto do paciente, caso ele já seja morador, ou adaptar a sala”, aponta o arquiteto Alex Lomachinsky. Ele diz que um home care também exige espaço livre para abrigar a enfermagem e os equipamentos necessários, que variam de acordo com a doença. “É uma área que precisa ser criada ou adaptada, que comporte minimamente uma cama hospitalar, uma mesa auxiliar, um armário, um sofá para repouso do acompanhante e tenha espaço para movimentar uma cadeira de rodas e ou cadeira de banho, se for o caso”, completa.

De acordo com o diretor da Marca Engenharia, João Eduardo Marinho, os locais que a pessoa adoentada depende devem estar perfeitamente adequados. “Será necessário a instalação de portas mais largas, ventilação e iluminação naturais, além de pintura com cores neutras, para deixar o ambiente mais leve. O banheiro também precisa estar adequado, sem degraus, amplo, com suportes e ou barras de apoio. De preferência, além do chuveiro, o ideal é dispor de uma ducha”, comenta.

Especialistas apontam que também é importante estar atento ao acesso para veículo, que permita fácil entrada e saída. “Em caso de emergência, o ideal é que o imóvel esteja bem localizado, com ruas pavimentadas e em boas condições para facilitar o transporte do paciente, além de agilizar entrega dos cilindros de oxigênio quando necessário”, comenta Tiago Phaelante, coordenador do controle de equipamento mobiliário e cilindros de oxigênio da Interne, empresa que oferece o serviço de assistência domiciliar.

Após três anos vivendo seu drama no hospital, o jovem Lucas Lyra, 23, voltou para casa em agosto do ano passado. De acordo com a estudante e sua irmã Mirela Lyra, 30, a família teve que mudar de endereço para recebê-lo. “O primeiro passo foi mudar para um apartamento maior, que atendia às exigência para trazer Lucas de volta”, comenta Mirela. Os familiares estão felizes com a volta do jovem. “Aqui em casa ele está mais próximo daqueles que tanto o amam. No hospital ele estava mais sujeito a infecções”, completa a estudante. Em fevereiro de 2013, Lucas Lyra levou um tiro na cabeça após uma briga entre torcedores do Sport e do Náutico, seu time de coração. Para a médica Angélica Lins o papel familiar é fundamental para a recuperação do paciente. “A participação da família no restabelecimento de quem está doente tem influência positiva e contribui significativamente para a evolução do estado de saúde, não só do ponto de vista clínico, mas também do psicológico”.