A vida é curta demais para não brilhar, brinca a pernambucana Naiara Cândido. O carnaval, mais curto ainda. E ela não faz o tipo que prefere brilhar sozinha. Ao contrário. De tanto carregar purpurina na bolsa, ficou conhecida entre os amigos por prover a turma com glitter de todas as cores e tipos. A “munição” extrapolava a temporada de Momo: em baladas, casamentos, formaturas, o momento em que Naiara abria a bolsa e exibia os frasquinhos coloridos era um dos mais esperados da noite. Para ela, de certa forma, era sempre carnaval. “Tenho uma família muito carnavalesca, essa é uma das tradições que mais levamos a sério. O glitter fazia parte da minha vida em função do carnaval, mas acabou rompendo barreiras e comecei a levar glitter comum para todas as festas que frequentava”, conta Naiara, hoje à frente da marca Contém Glitter.

Em menos de três meses, mais de 100 quilos e 10 mil frascos de purpurina circularam no estado com o selo criado por Naiara. A Contém Glitter viralizou: com menos de 100 fotos publicadas no Instagram, soma mais de 4 mil seguidores na rede social. Lá, a marca é descrita como “poções mágicas de glitter”, em função das garrafinhas com conteúdo reluzente. A ideia surgiu durante um curso fora da cidade, quando Naiara comprou os primeiros gramas de glitter para encher potinhos individuais e pendurá-los em cordões. Voltaria ao Recife, venderia os colares e ainda sobraria matéria-prima para ela e os amigos brincarem o carnaval. “Postei fotos das ‘poções’ no meu Instagram pessoal. Como a recepção foi ótima, resolvi comprar cerca de 30 quilos de glitter. O nome da marca teve origem bem antes, no carnaval passado, por causa de uma amiga celíaca. Não podendo ingerir glúten, sugerimos que ela precisava de uma dieta contendo glitter”, lembra Naiara.

O brilho é importado do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas a pernambucana já tem consultoria de importação negociando com fornecedores da China para aumentar o estoque. No réveillon Infernaço, no Shopping Paço Alfândega, uma bandeja com inúmeros recipientes contendo purpurina fez sucesso: “open bar de glitter”, diziam as placas sobre a mesa na qual o arsenal era exposto. Os convidados se aproximavam, escolhiam variação e cor, espalhavam o conteúdo dos potinhos sobre o corpo, o cabelo, as roupas. O banquete colorido se tornou atração à parte, em formato de serviço que deve ser reproduzido em outros eventos.