Tendências do hemisfério norte Sustentabilidade, fluidez de gênero e new western foram alguns dos destaques entre as coleções masculinas apresentadas para a primavera-verão 2019

Larissa Lins | larissa.lins@diariodepernambuco.com.br
Edouard Guihaire/AFP

Publicação: 16/06/2018 03:00

Encerrada na última semana, a semana de moda masculina de Londres apresentou tendências para a primavera-verão 2019, dando destaque à sustentabilidade, fluidez de gênero, ao flower power, aos trajes espaciais e às referências militares. Esvaziada de presenças relevantes como Grace Wales Bonner e Vivienne Westwood, foi protagonizada pela ascensão de novos talentos britânicos e dominada pelo sportswear e pelo streetwear. Entre os pontos altos da temporada, a coleção do estilista chinês Xander Zhou levou à passarela um modelo masculino com falsa barriga de gravidez: vestindo proposta básica de jeans e camiseta, estampo a frase New world baby (em tradução livre, “bebê do novo mundo”). Zhou explicou nos bastidores: “Estamos preparados para dar as boas vindas a uma futura gravidez masculina”, publicou em seu perfil no Instagram. Ainda no desfile capitaneado por ele, uma das peças mais improváveis da fashion week se revelou: uma gabardina de seis mangas dispostas em forma de estrela. Não surpreendeu que sua coleção de primavera-verão 2019 levasse o nome de Sobrenatural, extraterrestre & companhia.

Mundos mitológicos e pós-apocalípticos também vieram à tona. O estilista Edward Crutchley se inspirou na mitologia contemporânea e reuniu estampas do artista francês Lucien Murat sobre um mundo pós-apocalíptico de criaturas deformadas. A coleção trouxe, ainda, inspirações japonesas e uma colaboração com uma empresa de estampas de quimonos de Quioto, lançando luz sobre a fase atual de reinvenção das tradições orientais de vestuário. Christopher Raeburn, por outro lado, focou nas urgências da atualidade. Sob o apelo React now (“reaja agora”), revelou coleção comprometida com as demandas ambientais e sociais imediatas: especialista em moda sustentável, usou imagens de camadas polares captadas pela Nasa como pano de fundo. Em paralelo, Liam Hodges se inspirou na natureza e lançou mão de estampas vegetais e de pele de leopardo. Sua peça mais impactante foi uma camiseta preta com uma imagem de peitoral romano usada com um capacete da guarda pretoriana (encarregada da proteção do pretório, parte central de uma legião romana onde ficavam instalados os oficiais).

O esperado desfile de Man - projeto que lançou a maioria da atual geração de estilistas britânicos - apresentou coleção mista com modelos masculinos vestindo saias, vestidos de noite e peito nu. O modelo transexual Munroe Bergdorf desfilou um dos looks mais aplaudidos, com uma camiseta oversized estampada com a frase "High concept character" (“personagem de alto conceito”), calçando botas pretas. Reconhecida como fonte de inspiração para a moda das ruas, a Semana de Moda de Londres – que não seria a mesma sem o toque de sofisticação britânico das escolas clássicas – passeou da alta-costura às produções esportivas. O estilista Oliver Spencer, com sua coleção de peças em linho e algodão orgânico, cores minerais e um toque de sensibilidade hippie, deu toque de nobreza às passarelas – das jaquetas associadas a bermudas às flores estampadas por toda parte.

Nas ruas londrinas, entre as produções capturadas por sites especializados e críticos de moda de todo o mundo, o que se viu foi o uso de tons escuros como fundo harmônico para mesclar estampas, listras e padronagens em xadrez. Echarpes, guarda-chuvas e pastas carregadas junto ao corpo deram toque de cor – azul, amarelo, bordô – ao figurino dos espectadores da fashion week. Broches, correntes, relógios de bolso e cintos com fivela metálica complementaram as composições.