As lições vivas da humildade de São Francisco em Assis

Publicação: 17/06/2017 03:00

São duas horas e vinte minutos de distância entre Roma e a cidade de Assis. Contudo, cruzar a divisa entre as regiões de Lazio e da Úmbria é fazer uma nova viagem no tempo. As ruínas milenares saem de cena para dar lugar às sacadas floridas dos imóveis medievais. Entre uma planície e o monte SubÁsio, Assis é um convite à contemplação da simplicidade. Tal qual a história do seu mais célebre filho, faz-se um bate-volta imperdível mesmo abrindo mão de luxo em sua arquitetura e sem ceder às tentações da vida moderna. Assis não almeja figurar no Instagram dos visitantes, está mais preocupada em preservar os princípios.

Ainda na planície, antes mesmo de cruzar os oito pórticos abertos entre a muralha que circunda o centro histórico, os visitantes são convidados de forma implícita a dar os três nós franciscanos. Pobreza no sentido de desapego voluntário da ostentação: a melhor forma de conhecer Assis é subindo e descendo ladeira com os próprios pés, já que a entrada de carro na parte histórica é limitada; Obediência para abaixar as câmeras ao entrar no templos religiosos: fotografias só das partes externas; e pureza de coração para, ainda que não seja católico, sair admirando a história que circunda o povoado.

Assis é a terra de dois santos. Francisco, jovem filho de ricos comerciantes de tecido, que abriu mão da riqueza e saiu em peregrinação por várias cidades italianas, dentre as quais Roma. E Clara, filha da nobreza que vendeu até os dotes do casamento para doar aos pobres e seguir os preceitos de São Francisco.

Por ano, cinco milhões de pessoas visitam a cidade. Há quem diga que um dia é suficiente para conhecer o Patrimônio Mundial pela Unesco. Saindo de Roma, é possível chegar ao povoado de carro e ônibus em rota de cerca de 195km, ou trem, saindo da estação Termini e chegando a Assis duas horas depois, por uma média de 13 euros.

O que ver em Assis

1) Basílica de Sta. Maria dos Anjos


A cúpula do templo, vista ao longe, junto ao casario de pedras, chama atenção. Dentro dela, segue erguida uma pequena capela, local predileto e para onde São Francisco de Assis ia nos momentos de refúgio. Na porcíuncula, como é chamado o lugar, São Francisco e Santo Antônio se encontraram pela primeira vez. Também foi onde Santa Clara se consagrou ao senhor e para onde Francisco pediu para ser levado em leito de morte.

Não deixe de ver
Por trás da basílica há um roseiral com obras de arte, no qual estão rosas sem espinhos em referência a uma passagem da vida de Francisco; a capela onde passou os últimos dias de vida, museu e loja.

2) Basílica de Santa Clara

Segunda parada dentro do roteiro religiosos por Assis, a Basílica de Santa Clara é uma bela forma de receber as boas-vindas à cidade alta. De construção iniciada em meados de 1257, o santuário está próximo a um dos oito pórtico de entrada e faz fronteira lateral com um dos mirantes do município. A basílica guarda relíquias da santa, como cabelos, roupas e sapatos usados por ela. No subsolo, estão os restos mortais de Clara.

Não deixe de ver
A basílica de Santa Clara também é local de repouso do crucifixo de São Damião, obra sobre a qual o então jovem Francisco se prostrou a rezar em momento de angústia espiritual. Retrata o Cristo vivo diante da cruz.

3) Basílica de São Francisco


Depois de percorrer a Assis alta, deixando-se perder pelos corredores e admirar sacadas floridas, a Basílica de São Francisco surge como grand finale do passeio. É recomendado dedicar tempo para conhecer o santuário, dividido entre a basílica inferior e a superior. Sob o altar-mor, é onde está o túmulo de São Francisco, circundado por um paredes de pedra. Ao redor dele estão sepultados alguns dos seus companheiros de fé.

Não deixe de ver
Dentro da basílica superior está o ciclo de afrescos do pintor italiano Giotto de Bondone. Dividido entre 28 cenas, ele remonta a passagens importantes da vida de São Francisco.