"O Brasil tem papel importante para a paz"
Hayashi Teiji diz que o Brasil foi convidado para a cúpula do G7, em Hiroshima, por sua importância na resolução de problemas globais
Danielle Santana e Múcio Aguiar
economia@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 27/05/2023 03:00
Antigo parceiro comercial do Brasil, o Japão tem sinalizado que pretende reforçar os laços entre os dois países. Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o embaixador japonês em solo brasileiro, Hayashi Teiji, enumerou alguns dos gestos feitos neste sentido. Em caráter nacional, as conversas entre os dois países avançam para ações de promoção do turismo, como a possibilidade mútua de isenção de visto, e a afirmação do governo japonês de que está disposto a apoiar a reindustrialização brasileira, seja via acordo de cooperação técnica, capacitação profissional e outorga de tecnologia de inovação. Dos sinais de proximidade emitidos pelo Japão, o gesto mais forte foi o convite do governo nipônico para o presidente Lula participar, nos dias 20 e 21 de maio, da cúpula do G7 em Hiroshima. Entre as razões para o convite, pontuou o embaixador, estão a importância brasileira para o controle das mudanças climáticas e nos esforços pela busca da paz na guerra da Ucrânia.
Entrevista - Hayashi Teiji // embaixador do Japão no Brasil
Recentemente, o Japão se mostrou disposto a apoiar a reindustrialização do Brasil. A questão já foi discutida de forma mais aprofundada com o governo brasileiro?
Tivemos uma visita do presidente Lula que foi muito frutífera, no contexto bilateral. Em uma conversa com o nosso primeiro-ministro, Kishida Fumio, foi discutida a cooperação na área econômica. Obviamente, nosso primeiro-ministro expressou sua disponibilidade de colaborar com o presidente Lula para promover essa reindustrialização. A Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) ofereceu vários programas de cooperação técnica e capacitação de pessoas ou também treinamento de especialistas. Compreendemos que o vice-presidente Geraldo Alckmin vai se pronunciar sobre os detalhes, mas estamos dispostos e esperando ideias mais concretas.
Em conversa com a Embratur, a promoção de políticas turísticas que visam o aumento do fluxo de viajantes entre nossos países foi discutida. Existe definição de como isso ocorrerá?
Recebemos a visita do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e tivemos uma conversa muito construtiva. Nossa embaixada foi a primeira a ser visitada, o que mostra seu interesse em promover turismo de forma mútua com o Japão. Recentemente, durante a visita do presidente Lula, o nosso primeiro-ministro expressou sua intenção de promover a isenção do visto para os brasileiros. No governo anterior, o Brasil ofereceu a isenção de visto para os japoneses e outros três países, Estados Unidos, Canadá e Austrália, mas de maneira unilateral. Por isso, o novo governo decidiu eliminar essa medida unilateral e voltar as medidas recíprocas. Depois desse anúncio, trabalhei bastante para buscar uma decisão que beneficie ambos os países, o que significa uma isenção mútua para os visitantes, sobretudo turistas. Antes de outubro, eu gostaria de terminar esse procedimento e começar uma nova medida com uma isenção mútua. Obviamente, essa será uma ótima oportunidade para promover o turismo e também negócios entre o Japão e o Brasil. O Brasil tem muitos recursos turísticos. Não somente Foz de Iguaçu ou Rio. Por exemplo, Olinda é um lugar muito atrativo.
Existe interesse do mercado japonês na exportação dos produtos agrícolas do Vale do São Francisco? Ou algum acordo comercial que beneficie o setor da fruticultura brasileira?
A chave está na parte logística. O mercado japonês é distante. Para exportar frutas frescas é preciso realizar a manutenção de temperatura, por exemplo, porque os consumidores são muito exigentes. É necessário considerar essa parte logística para aumentar a exportação. Algumas frutas já chegam ao mercado japonês, mas existem mais possibilidades. Por exemplo, frutas processadas como sucos. Agora, uma empresa japonesa está exportando açaí ao mercado asiatico. Pernambuco e o Brasil inteiro produzem frutas de boa qualidade e existe um potencial, mas é preciso pensar nessa parte logística e na distribuição, buscar um bom exportador é importante.
Após 15 anos, o Brasil voltou a ser convidado a participar da cúpula do G7. O convite foi realizado pelo Japão, que sediou o encontro realizado neste ano. Qual sua avaliação da participação do presidente Lula?
Convidamos o presidente Lula porque, obviamente, o Brasil tem um papel muito importante para resolver vários problemas globais atuais como, por exemplo, a questão climática, a insegurança alimentar, e também para a paz e estabilidade da ordem internacional. Nesta cúpula do G7, em Hiroshima, reservamos um maior tempo para a conversa com os países convidados. O Brasil foi o único país convidado na América Latina porque está reconhecido como um líder importante no contexto global. O presidente Lula falou bastante sobre a sua posição política. Hiroshima foi um lugar muito simbólico. Agora, durante a invasão russa na Ucrânia, surgiu a possibilidade de se utilizar essa arma nuclear. Então esse foi um dos objetivos importantes do G7, confirmar nossa solidariedade contra o uso de armas nucleares. Foi um passo importante e positivo para assegurar o não uso de armas nucleares.
Entrevista - Hayashi Teiji // embaixador do Japão no Brasil
Recentemente, o Japão se mostrou disposto a apoiar a reindustrialização do Brasil. A questão já foi discutida de forma mais aprofundada com o governo brasileiro?
Tivemos uma visita do presidente Lula que foi muito frutífera, no contexto bilateral. Em uma conversa com o nosso primeiro-ministro, Kishida Fumio, foi discutida a cooperação na área econômica. Obviamente, nosso primeiro-ministro expressou sua disponibilidade de colaborar com o presidente Lula para promover essa reindustrialização. A Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) ofereceu vários programas de cooperação técnica e capacitação de pessoas ou também treinamento de especialistas. Compreendemos que o vice-presidente Geraldo Alckmin vai se pronunciar sobre os detalhes, mas estamos dispostos e esperando ideias mais concretas.
Em conversa com a Embratur, a promoção de políticas turísticas que visam o aumento do fluxo de viajantes entre nossos países foi discutida. Existe definição de como isso ocorrerá?
Recebemos a visita do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e tivemos uma conversa muito construtiva. Nossa embaixada foi a primeira a ser visitada, o que mostra seu interesse em promover turismo de forma mútua com o Japão. Recentemente, durante a visita do presidente Lula, o nosso primeiro-ministro expressou sua intenção de promover a isenção do visto para os brasileiros. No governo anterior, o Brasil ofereceu a isenção de visto para os japoneses e outros três países, Estados Unidos, Canadá e Austrália, mas de maneira unilateral. Por isso, o novo governo decidiu eliminar essa medida unilateral e voltar as medidas recíprocas. Depois desse anúncio, trabalhei bastante para buscar uma decisão que beneficie ambos os países, o que significa uma isenção mútua para os visitantes, sobretudo turistas. Antes de outubro, eu gostaria de terminar esse procedimento e começar uma nova medida com uma isenção mútua. Obviamente, essa será uma ótima oportunidade para promover o turismo e também negócios entre o Japão e o Brasil. O Brasil tem muitos recursos turísticos. Não somente Foz de Iguaçu ou Rio. Por exemplo, Olinda é um lugar muito atrativo.
Existe interesse do mercado japonês na exportação dos produtos agrícolas do Vale do São Francisco? Ou algum acordo comercial que beneficie o setor da fruticultura brasileira?
A chave está na parte logística. O mercado japonês é distante. Para exportar frutas frescas é preciso realizar a manutenção de temperatura, por exemplo, porque os consumidores são muito exigentes. É necessário considerar essa parte logística para aumentar a exportação. Algumas frutas já chegam ao mercado japonês, mas existem mais possibilidades. Por exemplo, frutas processadas como sucos. Agora, uma empresa japonesa está exportando açaí ao mercado asiatico. Pernambuco e o Brasil inteiro produzem frutas de boa qualidade e existe um potencial, mas é preciso pensar nessa parte logística e na distribuição, buscar um bom exportador é importante.
Após 15 anos, o Brasil voltou a ser convidado a participar da cúpula do G7. O convite foi realizado pelo Japão, que sediou o encontro realizado neste ano. Qual sua avaliação da participação do presidente Lula?
Convidamos o presidente Lula porque, obviamente, o Brasil tem um papel muito importante para resolver vários problemas globais atuais como, por exemplo, a questão climática, a insegurança alimentar, e também para a paz e estabilidade da ordem internacional. Nesta cúpula do G7, em Hiroshima, reservamos um maior tempo para a conversa com os países convidados. O Brasil foi o único país convidado na América Latina porque está reconhecido como um líder importante no contexto global. O presidente Lula falou bastante sobre a sua posição política. Hiroshima foi um lugar muito simbólico. Agora, durante a invasão russa na Ucrânia, surgiu a possibilidade de se utilizar essa arma nuclear. Então esse foi um dos objetivos importantes do G7, confirmar nossa solidariedade contra o uso de armas nucleares. Foi um passo importante e positivo para assegurar o não uso de armas nucleares.