Trump: de 'doido' a um 'imbecil' Livro lançado nesta sexta-feira tem depoimentos de pessoas próximas ao presidente dos Estados Unidos questionando sua sanidade mental

Publicação: 06/01/2018 03:00

Quase todas as pessoas que convivem com Donald Trump questionam sua capacidade para governar, afirmou Michael Wolff, autor do controverso livro sobre o presidente dos Estados Unidos e seu primeiro ano na Casa Branca. O livro Fire and Fury: Inside the Trump White House (Fogo e fúria na Casa Branca de Trump, em tradução livre) foi lançado nesta sexta-feira e mostra o presidente como um homem absolutamente incapaz de impor ordem em seu governo. Wolff afirmou nesta sexta-feira, em entrevistas sobre o trabalho, que “100% de quem o cerca” questiona se Trump realmente tem condições para conduzir os rumos da Casa Branca.

“Todos o descreveram da mesma maneira; dizem que é como um menino, ou seja, que precisa de gratificação imediata, e tudo gira em torno dele”, indicou o autor do livro à NBC. “Dizem que é um imbecil, um idiota”, acrescentou o escritor, que garante ter entrevistado quase 200 fontes que convivem de perto com o presidente “todos os dias”. “É preciso levar em conta que é um homem que não lê, que não escuta”, acrescentou.

Contudo, nesta sexta-feira o secretário de Estado, Rex Tillerson, afirmou que nunca questionou a capacidade mental do presidente. “Não tenho motivos para fazê-lo”. Nesta sexta também ficou-se sabendo que no começo de dezembro vários legisladores tiveram uma reunião a portas fechadas no Capitólio com a psiquiatra Bandy Lee para discutir exatamente o estado do presidente.

Entrevistas
Wolff afirmou ter falado por três horas com o magnata antes e depois de sua eleição para poder escrever o livro. “Falei com o presidente, claro. Se ele se deu conta de que era uma entrevista ou não, não sei, mas não estava em ‘off’” (algo a ser mantido em sigilo), acrescentou. Nesta quinta-feira, Trump atacou com violência a publicação e, em seu Twitter, garantiu que “nunca falou para um livro” e que sequer autorizou que Wolff tivesse acesso livre à Casa Branca.

Wolff respondeu sem titubear: “Minha credibilidade está sendo questionada pelo homem com menos credibilidade que já pisou neste mundo”. O lançamento de Fire and Fury: Inside the Trump White House, originalmente programado para a próxima terça-feira, foi antecipado e chega às livrarias nesta sexta.

Polêmica
Na quinta, um advogado de Trump enviou uma carta de 11 páginas ao editor do livro, solicitando a suspensão da publicação e distribuição da obra. Na carta, os advogados do presidente afirmam que “o senhor Trump exige que seja interrompida e evitem qualquer publicação, divulgação, ou distribuição do livro” e, além disso, pede que os responsáveis publiquem “uma retratação plena e completa, bem como um pedido de desculpas”.

“Por favor, também envie imediatamente uma cópia eletrônica do livro (...) e via mensageiro uma cópia do livro físico a este escritório para que possamos avaliar adequadamente as declarações contidas”, acrescentaram os advogados do presidente ao editor. No entanto, pouco mais tarde a editora anunciou a decisão de adiantar o lançamento do livro devido a uma “demanda sem precedentes”.

Desde quarta, quando foram divulgados trechos de seu conteúdo, o livro lidera todas as listas de compra antecipada. A obra, que desde a véspera circula por redações de Washington, mostra a Casa Branca submersa em um caos constante e generalizado na disputa por poder, e um Trump incapaz de criar ordem.

Sobre a carta do advogado de Trump, Wolff comentou que esta sexta-feira que queria saber “para onde envio uns chocolates. Porque só está me ajudando a vender meu livro, além de provar o ponto central dele”. Na opinião do autor, “é extraordinário que o presidente dos Estados Unidos tente impedir a publicação de um livro. Isso não pode acontecer. Não aconteceu com outros presidentes”, alertou. (AFP)