PT levanta bandeira de uma nova Diretas Já
Em reação ao impeachment, petistas decidem puxar uma campanha por eleições presidenciais
Publicação: 03/09/2016 03:00
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Cúpula do partido está reunida em São Paulo para discutir futuro da legenda |
O comando do PT decidiu ontem reeditar campanha das Diretas Já, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O lema foi lançado em 1983 durante o governo militar, cobrando eleições diretas à Presidência da República. A proposta foi aprovada por unanimidade pela Executiva Nacional do partido, que estava dividido em relação a essa ideia antes do desfecho do julgamento de Dilma no Senado.
Seus opositores alegavam que o lançamento da campanha representaria uma rendição do PT. Além disso, Dilma, ainda na Presidência, teria de apresentar um projeto de plebiscito. Concluído o processo de impeachment, o PT poderá se decidir a uma campanha que remete a 1985, no fim da era militar. “O PT vai defender eleições diretas. O texto foi aprovado em acordo”, relatou o vice-presidente do partido, Paulo Teixeira. Além disso, será divulgado um texto em defesa de Dilma e Lula, endossando o discurso de despedida da ex-presidente.
O presidente nacional da sigla, Rui Falcão, afirmou que ainda não há uma estratégia nem um prazo estabelecido para chegar a uma nova eleição. Disse apenas que deverá haver um debate com os aliados sobre as possibilidades e que a emenda popular é uma alternativa.
“Queremos conversar com outros partidos, com outras forças, as maneiras, as iniciativas práticas, pretendemos debatê-las. Vamos detalhar isso futuramente, pode ser uma emenda popular, e também existem outros instrumentos”, disse Falcão, em coletiva de imprensa. “Não queremos ser a vanguarda solitária de nós mesmos”, disse o petista, justificando a intenção de conversar com aliados para definir a estratégia.
Já Lula, dizendo-se amargurado com o processo de impeachment de Dilma, orientou o PT a travar duro embate com o governo do presidente Michel Temer (PMDB). Na reunião com a cúpula do partido, ele afirmou que cabe aos movimentos sociais apresentar pautas de reivindicações ao atual presidente, mas que o “PT vai à luta e não tem que negociar com Temer”, nem mesmo projetos em tramitação no Congresso.
O ex-presidente repetiu que se enganam aqueles que apostam no fim do partido. “Ninguém vai matar o PT”, frisou. Ele disse, porém, que Dilma não ouviu seus conselhos. E recomendou uma “reciclagem” rápida do PT, num prazo de até um ano. Lula diz que o partido não deve consumir muito tempo em balanços. Numa alusão aos aliados, afirmou que “até os amigos estão contentes” com enfraquecimento do PT para herdar o exército de militantes. Daí, a pressa. (Da redação com agências)