Exercício pode reduzir forma grave da Covid-19
Pesquisa recomenda atividades físicas durante a quarentena. Sedentarismo aumenta a chance de inflamações que favorecem o agravamento da doença
Publicação: 22/03/2021 03:00
Uma pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco aponta o exercício físico como uma possível arma contra as formas graves da Covid-19. O artigo “A relevância de um estilo de vida ativo físico e aptidão física na defesa imunológica: atenuação da carga de doença, com foco nas consequências da Covid-19”, publicado no jornal científico Frontiers in Immunology, cita estudos que demonstram que o exercício feito de forma aguda ou crônica age equilibrando a resposta das células inumes contra os invasores, como o vírus da Covid-19, minimizando os sintomas. A publicação defende a prática de exercícios durante a pandemia e isolamento social, explicando os seus benefícios para a saúde física, mental e preservação da massa muscular, em especial em idosos.
O estudo foi coordenado pelo professor e pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) da UFPE, Fabricio Souto. Também contou com a participação de Tayrine Filgueira, Angela Castoldi, Lucas Santos, Matheus Fernandes, Weydyson Anastácio, Eduardo Zapaterra e Tony Santos, todos pesquisadores da UFPE, além do médico Geraldo Amorim, preceptor da Residência de Nefrologia do Hospital das Clínicas da UFPE.
“O sedentarismo é uma das condições que agravam a Covid-19 por manter o corpo inflamado. Essa inflamação crônica presente também em obesos, renais crônicos e diabéticos compromete a resposta imunológica”, explica Amorim.
Segundo os pesquisadores, é importante pontuar a diferença entre o conceito de atividade física (qualquer ação diária que faz o corpo gastar energia) e o conceito de exercício físico, que é a atividade repetida e periodizada por um profissional da área.“Pesquisas demonstram que o exercício físico crônico reduz em até 30% as manifestações clínicas em infecções respiratórias, como a gripe, por exemplo. Pode não impedir diretamente a infecção pelo novo coronavírus, mas atenua yo aparecimento das formas graves”, salienta Amorim, que também é especialista em medicina do Esporte.
“O exercício físico libera substâncias analgésicas, sedativas e que promovem o bem-estar e melhoram a musculatura, órgão muito afetado pela Covid-19. A perda de massa muscular nesses pacientes é elevada, gerando altos custos com a reabilitação desses indivíduos”.
O protocolo de exercício, recomendado pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva e chancelado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), orienta de 150 a 300 minutos de atividade cardiorrespiratória de intensidade moderada a vigorosa e duas sessões de treinamento de força muscular por semana.
“O importante é conscientizar a população a começar a ‘se mexer’. Se o indivíduo é sedentário deve iniciar uma caminhada 30 minutos três vezes por semana e aumentar de forma gradativa essa pequena mudança já traz benefícios para a saúde”.
Números
- 150 a 300 minutos é o tempo recomendado de atividade moderada a vigorosa por semana;
- 2 sessões de treinamento de força muscular semanais também são benéficas;
- 30 minutos de caminhada é o tempo indicado para iniciantes;
- 3 sessões semanais são o suficientes a princípio;
- 30% é a redução no risco de desenvolver doenças respiratórias para quem se exercita constantemente;